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O�Pycnonemosaurus nevesi � �nica esp�cie conhecida do g�nero�Pycnonemosaurus � foi um dinossauro carn�voro gigante que viveu no atual Centro-Oeste do Brasil h� 70 milh�es de anos, no per�odo Cret�ceo. Um novo estudo acaba de concluir que foi a maior fera da sua estirpe, a fam�lia dos abelissaur�deos, cujas marcas registradas eram um par de pequenos chifres e dois bra�os atrofiados.

Em vida, o pycnonomessauro media 8,9 metros de comprimento da ponta das mand�bulas � ponta da cauda. Era muito maior do que o membro mais famoso da fam�lia, o�Carnotaurus sastrei � tamb�m �nica esp�cie conhecida do g�nero�Carnotaurus �, com exemplar de 7,8 metros descrito na Argentina em 1985 e cuja r�plica em tamanho natural ocupa posi��o de honra no hall de entrada do Museu de Zoologia da Universidade de S�o Paulo, no bairro do Ipiranga, em S�o Paulo.

A constata��o das dimens�es do pycnonemossauro foi feita pelos paleont�logos Orlando Grillo, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, e Rafael Delcourt, do Museu de Zoologia da Universidade de S�o Paulo (MZ-USP). O estudo foi publicado na revista�Cretaceous Research.

Delcourt teve�Bolsa da FAPESP, com orienta��o de Hussam Zaher, do MZ-USP, para o doutorado, cujo objetivo foi estabelecer uma compara��o da evolu��o anat�mica de dois grandes grupos: tiranossaur�deos e ceratossauros.

�Quando fui � Argentina estudar os abelissaur�deos de l�, me chamou a aten��o os ossos do carnotauro, considerado � �poca a maior esp�cie do grupo�, disse Delcourt, que atualmente faz p�s-doutoramento no Trinity College, em Dublin, na Irlanda. �O carnotauro � muito grande, mas percebi que o pycnonemossauro era ainda maior.�

Delcourt tinha na lembran�a a imagem da gigantesca t�bia de 87 cent�metros do pycnonemossauro que vira alguns anos antes no Rio de Janeiro. Como viria a ficar claro ao longo do estudo, a maior t�bia de um abelissaur�deo depois da do pycnonemossauro � a do Skorpivenator, com 65 cent�metros. A t�bia � o maior dos dois ossos das pernas que conectam o f�mur �s patas.

Os f�sseis do pycnonemossauro foram achados em 1952 por Llewellyn Ivor Price (1905 � 1980), um dos pioneiros da paleontologia de vertebrados no Brasil. Seis v�rtebras, a t�bia gigante e parte da bacia foram encontradas na Fazenda Roncador, em Quer�ncia (MT), no Alto Araguaia.

Os ossos foram depositados no Departamento Nacional de Produ��o Mineral (DNPM) e l� permaneceram at� que, em 2002, os paleont�logos Di�genes de Almeida Campos, do DNPM, e Alexander Kellner, do Museu Nacional, descreveram e deram nome ao bicho, originalmente estimado com 7 a 8 metros de comprimento.

Os abelissaur�deos eram uma fam�lia de dinossauros carn�voros (ou ter�podes) de grande porte que evoluiu no supercontinente austral Gondwana e cujos representantes se espalharam pelo globo � medida que �ndia, Madagascar e �frica foram se descolando e afastando do supercontinente.

No novo trabalho foram estudados 37 esp�cimes em oito pa�ses, incluindo �ndia, N�ger, L�bia e Madagascar. Al�m do pycnonemossauro e do carnotauro, os outros 10 abelissaur�deos sul-americanos, todos com novas estimativas de tamanho aferidas por Grillo e Delcourt, s�o os g�neros dos�Abelisaurus, Aucasaurus, Eoabelisaurus, Ekrixinatosaurus, Ilokelesia, Ligabueino, Quilmesaurus, Skorpiovenator, Viavenator e�Xenotarsosaurus.

Entre eles os maiores s�o o�Abelisaurus e o�Ekrixinatosaurus, ambos com 7,4 metros. Os outros variam entre 5,2 e 6,2 metros. O menor de todos � o�Ligabueino, com apenas 80 cent�metros, o que pode ser explicado por se tratar de um g�nero basal, do Cret�ceo inferior, e da linhagem ancestral de todas as outras.

Foram encontrados ainda exemplares em Madagascar, na �ndia, no Paquist�o, na �frica do Sul, N�ger, Qu�nia, Marrocos e na Fran�a. Mas nenhuma superou os 7 metros.

�Olhando a fam�lia dos abelissaur�deos como um todo, d� para perceber que havia esp�cies de todos os tamanhos, ocupando todos os nichos alimentares dos ter�podes�, disse Delcourt.

Grillo conta que, �comparando a diversidade de abelissauroides [superfam�lia da qual fazem parte os abelissaur�deos] que ocorreram ao longo do Cret�ceo na Europa, norte da �frica, �ndia, Madagascar, Brasil e Patag�nia, pudemos constatar que h� um padr�o na composi��o de cada local e idade no que se refere ao tamanho dos animais�.

�Sempre h� predadores que variam entre 4 e 8 metros (ou seja, predadores de m�dio e de grande porte) e esp�cies pequenas, de 1 a 2 metros. Esse padr�o � bem observado em localidades com muitos f�sseis, como na Patag�nia. No Brasil central h� o�Pycnonemosaurus, de grande porte, e outros indiv�duos de m�dio porte�, disse.

Titanossauros na Am�rica do Sul

Os abelissaur�deos n�o s�o a linhagem com os maiores dinossauros carn�voros que existiram. Os tiranossaur�deos, os carcarodontossaur�deos e os espinossaur�deos possu�am esp�cies maiores. O maior tiranossaur�deo, como n�o podia deixar de ser, era o norte-americano�Tyrannosaurus rex, com 12,6 metros.

Entre os carcarodontossaur�deos, o campe�o � o norte-africano�Carcharodontosaurus saharicus, de 13,5 metros e 15 toneladas. � o dinossauro carn�voro mais pesado que se conhece, mas n�o o mais comprido. Este t�tulo est� reservado a dois espinossaur�deos, o eg�pcio�Spinosaurus aegyptiacus, de at� 18 metros e at� 9 toneladas, e possivelmente o maranhense�Oxalaia quilombensis, que pode ter chegado at� 14 metros, embora reste muito pouco dos seus f�sseis para se afirmar com certeza.

Hoje se sabe que, seguindo a abund�ncia de exemplos da Argentina, tamb�m havia dinossauros ter�podes gigantes no Brasil. Mas e quanto ao grupo dos titanossauros, os herb�voros quadr�pedes pesco�udos entre os quais est�o os maiores animais que j� pisaram no planeta?

Cinco entre os 11 dinossauros conhecidos com mais de 30 metros s�o argentinos:�Futalognkosaurus,�Puertasaurus e�Notocolossus, todos superando 30 metros, o�Argentinosaurus, de 35 metros, e o atual campe�o mundial, ainda sem nome, com 37,5 metros.

�Se na Argentina est�o encontrando titanossauros gigantes, acho bem prov�vel que aqui tamb�m eventualmente apare�a algum�, disse Grillo.

O maior dinossauro brasileiro foi descrito em outubro de 2016: o�Austroposeidon magnificus, com 25 metros. Assim como no caso do Pycnonemossauros, seus f�sseis foram achados nos anos 1950 por Llewellyn Price e estavam na reserva t�cnica do Departamento Nacional de Produ��o Mineral.

O artigo�Allometry and body length of abelisauroid theropods: Pycnonemosaurus nevesi is the new king (doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.cretres.2016.09.001), de Orlando Nelson Grillo e Rafael Delcourt, pode ser lido em�www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0195667116301902.