Estudo destaca que mudan�as simples garantiriam mobilidade
e maior autonomia para a crescente popula��o
de idosos da capital paulista (foto: Wikimedia Commons)

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Um estudo feito na Faculdade de Sa�de P�blica da Universidade de S�o Paulo (USP) constatou que 97,8% dos idosos da cidade de S�o Paulo n�o conseguem caminhar a 4,3 km/h, velocidade exigida pelo padr�o apresentado pela Companhia de Engenharia de Tr�fego (CET-SP) para os sem�foros da cidade. Na m�dia, a velocidade alcan�ada pelos volunt�rios com mais de 60 anos que participaram do estudo foi bem menor que o exigido: apenas 2,7 km/h.

Para medir a velocidade da marcha dos 1.191 idosos que participaram do estudo foi necess�ria a infraestrutura do�Estudo SABE � Sa�de, Bem-Estar e Envelhecimento, pesquisa longitudinal de m�ltiplas coortes sobre as condi��es de vida e sa�de dos idosos do munic�pio de S�o Paulo.

Esse estudo multic�ntrico teve in�cio em 2000, quando, por iniciativa da Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (Opas), foram pesquisadas pessoas de 60 anos ou mais de sete grandes cidades da Am�rica Latina e do Caribe, entre elas S�o Paulo. Com�apoio da FAPESP, o estudo foi reeditado em S�o Paulo em 2006 e 2010 e em 2016 teve sua quarta edi��o.

�A velocidade de marcha exigida para atravessar as ruas da cidade n�o condiz com a popula��o idosa e n�o podemos desconsiderar o aumento da popula��o idosa no munic�pio de S�o Paulo e no Brasil inteiro�, disse Etienne Duim, autora de artigo com resultados do estudo publicado no�Journal of Transport & Health � os outros autores s�o Jos� Leopoldo Ferreira Antunes e Maria Lucia Lebr�o (falecida em julho de 2016).

De acordo com dados da Funda��o Sistema Estadual de An�lise de Dados (Seade), em 2016, o percentual de idosos na cidade de S�o Paulo era de 12,74%.

�O que constatamos com o estudo � que a cidade n�o � regulada para o idoso, mas para um indiv�duo adulto que, na maioria dos casos, anda entre 4 e 6 km/h sem maiores problemas. Isso tem o efeito de fazer com que o idoso fique cada vez mais confinado em casa�, disse Antunes, professor titular da FSP e orientador do estudo.

A pesquisa tomou como base dados da CET-SP (de agosto de 2016) que regula o tempo dos sem�foros a partir de um c�lculo que considera a velocidade m�dia para o pedestre como 4,3 km/h. O c�lculo � feito para a travessia enquanto o sinal de pedestre est� verde. O estudo n�o considerou o tempo do sinal vermelho piscante. Segundo a CET, n�o houve altera��o no tempo dos sem�foros ap�s o per�odo de realiza��o da pesquisa. A an�lise bibliogr�fica sobre o tema, feita pelos pesquisadores, apontou que cidades t�m reduzido a velocidade m�dia de percurso para pedestres, como Val�ncia e Barcelona, na Espanha, com os seus atuais 3,2 km/h.

Segundo Duim, um estudo realizado na Inglaterra teve resultados muito parecidos com os de S�o Paulo. �O estudo ingl�s inclusive teve peso na regulamenta��o do pa�s, que aumentou o tempo dos sem�foros�, disse.

Os dois estudos concluem que, para a popula��o idosa, a caminhada tem importante rela��o com a sa�de e com a intera��o social e que fatores que atrapalhem a movimenta��o desse p�blico � como a dificuldade de atravessar ruas � podem indicar perda de autonomia e at� mesmo de qualidade de vida do idoso.

Sem pressa

Duim sugere para a capital paulista mudan�as parecidas com as adotadas na Inglaterra e na Espanha. Isso garantiria a autonomia e mobilidade da popula��o idosa e, principalmente, a redu��o de riscos de atropelamentos.

�Aumentar 5 segundos o tempo para cada sem�foro pode trazer um impacto no tr�nsito? Pode. Mas, pelo que vimos nos estudos realizados em outros pa�ses, essa mudan�a � dilu�da tamb�m com a ado��o de outras medidas, como altera��o de velocidade do tr�nsito e incentivo ao uso de transporte p�blico, por exemplo�, disse.

Duim indica como alternativa interessante para S�o Paulo a proposta adotada em Curitiba, onde foram implantados alguns sem�foros inteligentes: o idoso insere um cart�o num dispositivo eletr�nico para determinar que precisar� de mais tempo para atravessar a rua.

�O mesmo tamb�m vale para outras pessoas com dificuldade de locomo��o, como cadeirantes, gr�vidas e pessoas com crian�as pequenas, por exemplo. � uma solu��o que n�o impacta tanto o tr�nsito e cria um processo interessante de inclus�o social�, disse.

O artigo�Walking speed of older people and pedestrian crossing time (doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.jth.2017.02.001), de Etienne Duim, Maria Lucia Lebr�o e Jos� Leopoldo Ferreira Antunes, est� publicado em:�www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214140516302250.