26/10/2015 ( Caderno:
agenda )
Faltando quatro anos para completar 90 anos de vida, o cruzeirense de nascimento e joseense de coração desde os 12 anos, Jorge Israel de Souza, alfaiate de profissão e músico por hobby, como ele mesmo diz, realiza nesta quinta-feira (29), às 14h30, no Teatro Univap, seu primeiro show autoral: Choro, Chorinho e Chorões - Jorge do Bandolim e convidados. A entrada é gratuita.
A apresentação faz parte das atividades desenvolvidas pela Faculdade da Terceira Idade da Universidade Vale do Paraíba (Univap), sob a coordenação de Debora Wilza de Oliveira Guedes e Jaqueline Mergen; e está sendo organizada e oferecida gentilmente pelos próprios filhos de Jorge Israel, com apoio da Coordenadoria de Cultura da universidade.
Jorge do Bandolim contará com a presença de músicos de várias idades, entre eles Carlos Alexandre Wuensche, Luiz Paulo Muricy, Everton Campos, Bruno Bertolino Percussa entre outros. Alguns são convidados especiais e amigos de longa data na música, como João Silva, Maestro Cunha e Carlos Cassiano.
Algumas das canções previstas para o show também serão interpretadas pela cantora Ana Morena, filha de Jorge Israel, única dos filhos que, literalmente, seguiu a carreira do pai. "Sempre que eu podia ia junto com ele nas apresentações e aos poucos fui me interessando, aprendi a tocar violão e depois me descobri como cantora", conta Ana.
A programação do show prevê, além de músicas autorais, a execução de outras dez canções mais conhecidas do gênero, como Brasileirinho, Carinhoso, Doce de Coco, Pedacinho do Céu e 1 x 0, todas de autores consagrados como Pixinguinha, Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim.
Um pouco da história
Filho de Avelino Israel de Souza e Maria José de Souza, Jorge Israel de Souza, 86 anos, nasceu em 4 de agosto de 1929, na cidade de Cruzeiro e teve apenas uma irmã, Helena de Souza. Aos 12 anos veio morar em São José dos Campos e aos 27 casou-se com Maria Apparecida de Souza, mineira de Juiz de Fora (MG), falecida em novembro de 2014. Com ela teve sete filhos: Avelino, José Carlos, Eliane, Luiz Armando, Iara (falecida), Ana Maria e Valéria.
Nascido numa família de músicos, Jorge conta que seu pai e seus tios, João e Armando, foram suas grandes inspirações. Na época ele tinha apenas cinco anos. "Quem é filho de matemático tem que saber ao menos matemática", compara. Era do seu pai o bandolim onde aprendeu a tocar chorinho. O instrumento já está com ele há 76 anos e em bom estado.
Jorge é autodidata e diz que as poucas aulas de música que fez com o professor José Tito Alves da Silva, aos nove anos de idade, foi mais por curiosidade. "Eu não era muito aplicado, mas aprendi um pouco de cavaquinho, bandolim, violão e até violino. A música pra mim não era uma coisa muito séria, eu sempre toquei por hobby", diz ele.
A profissão de alfaiate
Aos 14 anos Jorge deixou um emprego na antiga Tecelagem Parahyba para aprender a profissão de alfaiate com seu tio Manoel. "Ele me convenceu de que como alfaiate poderia ganhar algum dinheiro e como músico eu não teria futuro", lembra. Com isso, Jorge ficou um tempo sem tocar, mas nunca abandonou sua vocação.
Jorge conta que nunca teve intenção de ensinar nenhum dos seus filhos a tocar qualquer instrumento, "pois isto tem que surgir naturalmente, como aconteceu com minha filha Ana Maria (Ana Morena)". Dos filhos, apenas ela acabou seguindo a carreira de cantora. "Ela aprendeu a tocar violão com o Carlinhos Cassiano, mas depois passou a tocar sozinha e por sugestão dele, começou a cantar", fala com orgulho Jorge.
Clube do Choro e composições autorais
Por volta dos seus 60 anos, Jorge deu mais uma contribuição importante para o choro joseense. Ao lado do maestro Cunha e de outros amigos músicos, ele foi responsável pela criação do Clube do Choro Pixinguinha, do qual ainda faz parte. "A formação inicial do clube era o maestro, eu, o Ditinho e o Ivan", relembra Jorge.
É dessa época também a maioria das suas composições que, segundo ele, surgiram naturalmente. "Eu não me programava para compor, as canções iam surgindo por acaso, entre um acorde e outro, por inspiração. A mesma inspiração que muitas vezes me ajudou na profissão de alfaiate", finaliza.
Jorge do Bandolim, como é conhecido no meio musical, ainda mora na mesma casa que construiu no bairro da Vila Maria, onde foi morar logo após se casar. Lá criou seus sete filhos com a ajuda, por um tempo, da sua mãe e do padrasto Calil Pedro Uaquim, o vô Calixto para os netos.