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O poeta Euclides da Cunha. Por Osmar Antonio Mammini

05/11/2015 ( Caderno: Opinião )


Muito se tem dito sobre Os Sertões. Há elogios e críticas apesar da perfeição na descrição da Terra, do Homem e da Luta. Os Sertões constituem o reino do misto de pensador, cientista, artista e técnico. Oswald de Andrade disse que no portal da literatura brasileira, de um lado está Euclides da Cunha, do outro, Machado de Assis.

O engenheiro, nos sertões, com visão de estadista clamando em prol do sertanejo esquecido, descreve-lhe o habitat com palavras viris e ásperas que feriam os ouvidos dos bacharéis citadinos.

Em outros trabalhos desenvolvidos pelo escritor nos textos sobre a Amazônia, como em "Rios em Abandono" encontramos um primor de hidráulica fluvial na descrição do ciclo vital de um curso d'agua, nos 3.210 km do Purus. Em "Clima Caluniado" é o sanitarista a defender o clima da região acreana. Em "Fazedores de Desertos", basta citarmos este parágrafo: "...a inconveniência provada das lavouras ultra extensivas e ao cautério vivo das queimas aditamos o desnudamento rápido de derrubadas em grande escala."

Há ainda alguma lembrança sobre seu trabalho como engenheiro para o governo do estado de São Paulo. De suas inúmeras obras vamos citar apenas algumas no Vale do Paraíba: a ponte de aço sobre o rio Paraíba em Santa Branca, inaugurada por coincidência junto com o lançamento de Os Sertões em 15/11/1902, as pontes de aço em Lorena, em Putim, em Quiririm, as de madeira em São Luiz do Paraitinga e da estrada Guaratinguetá - Cunha. Mas nem só de pontes tratou, participou na construção de muitos prédios para grupo escolares, escolas isoladas, cadeias.

Pouco porém se conhece de sua obra poética. Euclides foi um escritor, um literato e sobretudo um poeta. Das suas viagens pelo Brasil, nas horas de solidão, ele enviava para os amigos cartões postais com poesias. Difícil encontra-los, trata-se quase de uma busca arqueológica.

Um dos primeiros saiu de Fortaleza, é uma quadrinha enviada para seu amigo Rodrigo Otávio:
Minha jangada de vela
Que o vento vai levar,
De dia, vento da terra,
De noite, vento do mar.
Já a 5 de fevereiro de1905, de Manáus, Euclides envia um postal com a imagem de uma choupana à beira de um manguezal, do litoral de Pernambuco, provavelmente para Machado de Assis, não sabemos ao certo:
Nesta choupana de roça
De aparência tão tristonha,
Mora às vezes, uma moça
Gentilíssima e risonha.
E o incauto viajante
Quase sempre não descobre
A moradora galante
De uma choupana tão pobre
Que passa na sua lida
Para a remota cidade
Deixando, às vezes perdida
Numa erma, a felicidade.
Ainda de Manáus, segue outro postal, já em ambiente amazônico:
Estas lagôas de esplendores
Tão vivas à luz dos luares,
Emolduradas pelas flores
Dos lírios e dos menúfares
Recordam-me, veja a afoiteza
Da minha fantasia ao vê-las
Grandes espelhos para
A toalete das estrelas.
Sobre uma fotografia da expedição, ainda em Manáus, estacionado por meses pelas falhas da burocracia do governo, ele envia este soneto:
Se acaso uma alma se fotografasse
De modo que nos mesmos negativos
A mesma luz pusesse em traços vivos
O nosso coração e a nossa face

E os nossos ideais, e os mais cativos
De nossos sonhos...se a emoção que nasce
Em nós também nas chapas se gravasse
Mesmo em ligeiros traços fugitivos...,

Poeta! Tu terias com certeza
A mais completa e insólita surpresa
Notando, deste grupo bem no meio,

Que o mais belo, o mais forte e o mais ardente
Destes sujeitos, é precisamente
O mais triste, o mais pálido e o mais feio...
Vejam que, sem se descuidar da sua missão como chefe da expedição, nas poucas horas de folga ele solta sua personalidade de poeta. Nota-se que ele nunca deixa de sintetizar a ciência com a arte.
Felizmente a obra poética de Euclides da Cunha, parte manuscrita sobre cartões, fotos e cartas, foi reunida e será publicada em livro que espero renove os estudos sobre o autor.

Osmar Antonio Mammini, arquiteto, aquarelista, membro da Academia de Letras de Campos do Jordão, membro do conselho consultivo da revista Téchne

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