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O bom Papa visto de perto. Por Osmar Antonio Mammini

11/11/2015 ( Caderno: Opinião )


Em setembro de 1958, com um oficio de obediência chegou na Casa Salesiana do Vaticano, Don Gino Bertoldi, com o cargo de Vice Diretor Administrativo do jornal L Osservatore Romano. Confirmado como Administrador e Diretor Técnico pelos salesianos de Dom Bosco, substituiu um sacerdote lituano que tinha sido nomeado Diretor de um Instituto para Rapazes Lituanos no Exílio. Para ele tudo era novo! Pio XII estava doente e veio a faltar em outubro do mesmo ano.

Foi eleito o Cardeal Patriarca de Veneza Ângelo Roncalli que se fez chamar João XXIII.

Já na vigilia do aniversário do Concilio Vaticano II publicamos de bom gosto estas recordações inéditas de uma pessoa que conheceu de perto o promotor do Concilio, Papa João XXIII. Trata-se do sacerdote salesiano, trentino, Don Gino Bertoldi originário do planalto (h=1800m) de Lavarone e recentemente, hóspede do Lar de Sacerdotes Salesianos em Trento ,onde faleceu, e que trabalhou em Roma na Administração do Osservatore Romano quando teve ocasião de se aproximar do "Papa Bom".

"Um dia depois da eleição, às 7:30h da manhã o Diretor Geral do Jornal, Conde Della Torre, pediu-me para ir buscar no páteo de São Damaso um idoso de grande cultura que escrevia artigos polêmicos, fortes, assinados com um simples asterístico. Este tinha sido chamado pelo Papa, seu amigo, que havia pedido para que ele escrevesse artigos mais amenos, sem ofensas, não contestadores porque o reino de Deus não tinha necessidade de defesas. Usar termos simples como: o Papa viu, o Papa ouviu, o Papa falou, e não frases como:Ouvidos sagrados do Santo Pontíficie, os venerandos olhos de sua Santidade, o pensamento do Santo Padre, etc... Nesse páteo encontrei um Conde deprimido com a dúvida de ter errado tudo na sua vida de jornalista. Eu lhe disse que os tempos da intolerância tinham acabado, que bastava apenas corrigir alguma coisa para demonstrar que a igreja se aproximava dos homens simples."

"Duas ou três semanas depois, o Papa pediu para visitar a tipografia do Osservatore Romano durante o trabalho, mas que isso não interrompesse os trabalhos, que ninguém deveria deixar suas atividades usuais. Dificuldade : a segurança pessoal do Pontífice, já que naquela época o comunismo era agressivo com as religiões e havia operários comunistas e não era imaginado que fossem visitados pelo Papa."

"João XXIII decidiu visita-los sem a guarda pessoal, mesmo que fosse a paisana, confiando nos salesianos. Expressou o desejo de não ter público nem acompanhantes além de seu secretário e seu motorista."

"Eu convidei-o a ir em frente, visitou os escritórios da administração, passou pela sala da expedição vazia, porque os operários o esperavam na entrada. Pediu que eles voltassem a seus postos de trabalho. Visitou então cada departamento, falou com todos operários, interessado nas familias destes. No departamento de composição quis tocar no chumbo, manchou suas vestes brancas com tinta. O secretário parou o que estava fazendo para iniciar um diálogo com o Papa. A primeira pergunta: é verdade que são comunistas? Expliquei que dos 3 comunistas declarados, um era presidente da Conferência de São Vicente de sua paróquia, o outro era dirigente dos Jovens da Ação Católica e o terceiro era membro de outra Conferência de São Vicente. Em seguida o Papa perguntou pelos salários. Expliquei ao Papa que os operários tinham salários superiores aos determinados pelo sindicato, além de ajuda nas despesas do supermercado nas compras cotidianas. Mas o Papa porém deixou o Diretor atrapalhado quando expressou um pensamento pessoal: Entre os operários que faziam o mesmo serviço com a mesma carga horária tinham salários diferentes, porque? Ele teve que dizer que os que ganhavam em dobro eram de indicação do "Governatorato" e os que ganhavam o triplo eram indicados pela Secretaria do Estado."

Dois meses depois, em janeiro de 1959, os salários dos operários foram acrescidos e referiam a três parâmetros: os novos os antigos e os idosos. Os pagamentos eram iguais dentro dos parâmetros e foram cancelados todos privilégios. Incluiram apenas vantagens salariais referentes às esposas, aos filhos até 18 anos ou até terminarem os cursos universitários.

Perguntou depois a que horas saia o jornal. Às 14:30h foi a resposta. Ai ele disse: e porque eu só o recebo às 18:30? A resposta foi: creio que há muitos escritórios entre o páteo de São Damaso e seu apartamento. O Papa indicou uma porta próxima e disse: está vendo aquela portinha naquele muro? Entre lá com o jornal, pegue o elevador antigo mas que funciona bem e saia diretamente no meu apartamento. Toque a campainha e entregue o jornal a quem se apresentar."

O jornal era entregue dobrado dentro de um envelope. A surpresa é que os envelopes usados foram devolvidos com a informação do Papa que poderiam ser reutilizados!

"Em seguida a essa visita quis ir à Editora Multilingue do Vaticano, foi a pé utilizando uma escada de 40 degráus para chegar no páteo Belvedere. A visita à editora veio com o mesmo estilo. Todos os trabalhadores em seus lugares e o Papa falou com eles. No final convidaram o Papa para ver as obras na impressão multilingue. Vários livros importantes, por fim a foto do grupo. O Papa saiu para o corredor, voltou-se e disse: Salesianos, lembrem-se que no paraíso, além de Maria Auxiliadora e Dom Bosco há também o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. Havia em seu rosto, como se diz um sorriso refletivo."

"Na véspera de Natal de 1958, enquanto eu esperava na sala de jantar a chegada da meia noite, conversando ou jogando xadrez, o telefone tocou. Eu me levanto, pego o telefone e uma voz diz: Aqui é do apartamento do Papa que lhe deseja um Feliz Natal e boas festas de Ano Novo, convida ainda você para subir e pegar seu presente. Os irmãos ouvindo riram de mim, dizendo que eu era o brincalhão de costume, ninguém acreditava. Fui então ao terceiro andar, onde me foi dado um panetone de 10 kg e duas garrafas de champagne! Imaginem a surpresa de todos. No jantar de Natal, aberta a caixa do panetone encontrei um pedaço de papelão com uma frase escrita em lápis vermelho, dizendo: Santo Padre, sei que este chegará a vós, peço uma oração e benção para a minha mãe há anos doente numa cama. Saudações, Rosa. O pedaço de papelão foi levado para o Papa que fez uma pesquisa sobre a empresa que produziu o panetone e identificou a Rosa, autora do recado. Escreveu então de próprio punho uma carta com as orações e bênçãos pedidas."

"Em março houve uma festa de agricultores e pescadores. Nos degraus da frente da Igreja de São Pedro ficaram os presentes oferecidos ao Papa. No último degrau havia uma cesta cheia de limões. Me passou pela cabeça que ela também seria oferecida aos salesianos. Depois da missa voltei para casa e perguntei da porta se tinha chegado alguma coisa, da cozinha o cozinheiro gritou: a cesta já chegou."

"Um dia fui chamado pelo prof. Lolli, redator chefe da parte oficial do Osservatore Romano com o pedido de ir busca-lo porque ele estava atrazado. Na volta um policial do pontíficie me pediu para parar o carro para deixar passar o Papa que estava a pé. Descemos do carro e o Papa veio nos cumprimentar. Lollo então pediu uma prece e uma benção para a sua mulher que estava doente. O Papa perguntou onde ele morava. "No Vaticano a cem metros daqui",disse.O Papa falou: Vamos encontrar sua mulher doente. E para mim: venha você também. Imaginem a aflição do professor, a empregada não tinha chegado ainda para arrumar o alojamento. O Papa entrou, a senhora estava na cama, o lado do professor descoberto, a janela fechada e o ar pesado da noite. O Papa fez uma breve oração, deu a benção e a senhora envergonhada disse: se soubesse que o Senhor vinha aqui teria deixado tudo em ordem, ao que o Papa respondeu: se eu soubesse quando eu viria teria mandado até trocar o carpete, mas é melhor assim, numa boa!"

Setembro de 2012 - Don Gino Bertoldi
Creio que estas matizes de comportamento do Papa João XXIII nunca foram escritas ou conhecidas.

Osmar Antonio Mammini, arquiteto, aquarelista, membro da Academia de Letras de Campos do Jordão, membro do conselho consultivo da revista Téchne


Fonte: Foto Reprodução


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