15/12/2015 ( Caderno:
Opinião )
Um galo cantou pela madrugada, rasgou o silêncio, interrompeu sonhos, acordou lembranças adormecidas. É nostálgico o canto do galo . . . é a voz da saudade!
Volto ao passado, perscruto os dias, removo-lhes as cinzas e redescubro as antigas alegrias de uma vida despreocupada, que já vai distante . . .tantos projetos trazendo aquele futuro ao presente: férias do colégio, festas de aniversário e entre tantas outras a luminosa festa do Natal. Presépios armados, anjos que brincam em torno da gruta; famílias aos bandos, alegres de volta ao lar depois da missa do galo, pisando descuidadas as pedras da rua, repletas de risos; árvores iluminadas ocultando surpresas; mesas fartas, rostos felizes de adultos satisfeitos; algazarra de crianças ansiosas que correm para os presentes.
É o passado que volta, no canto do galo, pela madrugada. Mas quanta coisa mudou. . . Já não aguardo as férias do colégio - mudaram de feitio as poucas festas de aniversário. No entanto o Natal se renova a cada ano, mudado sim, mas não lhe faltam as luzes coloridas - as árvores enfeitadas - os poucos presépios armados - presentes que já não são surpresas - abraços, apertos de mão e . . . não, nem todos os rostos ali estão. Alguns viraram saudades, outros não mais aparecem. Mas, felizmente, existem crianças felizes que correm para os presentes a fim de que a gente grande possa sorrir satisfeita.
Então, lembrando porque o Natal aí está e que há um menino adormecido na gruta de Belém, sugiro que renovemos nossas esperanças num mundo melhor, numa humanidade mais solidária, capaz de promover a paz e ofertar flores àqueles que já não precisam que lhes ofereçam pão e agasalho, apenas fraternidade.
Peço-lhes ainda que recebam sem reservas o meu abraço e o desejo de que a harmonia, saúde e prosperidade sejam a tônica dos seus dias durante o decorrer do próximo ano.
Osmar Antonio Mammini, arquiteto, aquarelista, membro da Academia de Letras de Campos do Jordão, membro do conselho consultivo da revista Téchne
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