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Memorial do Imigrante TOPA: Um museu comunitário em Cerqueira César

09/01/2016 ( Caderno: Opinião )

Por Davidson Kaseker
Desde o primeiro contato que tive com o Memorial do Imigrante “Topa”, em meados de 2014, saltou-me aos olhos o caráter singular desta iniciativa museológica, então ainda incipiente. Foi por meio de Maria Ingeborg Paulitsch que recebi, na qualidade de diretor técnico do Grupo de Coordenação Técnica do Sistema Estadual de Museus de São Paulo (GTC SISEM SP), instância da Secretaria Estadual da Cultura que congrega e articula os museus do estado de São Paulo, com o objetivo de promover a qualificação e o fortalecimento institucional em favor da preservação, pesquisa e difusão do acervo museológico paulista, as primeiras informações da movimentação que cidadãos cerqueirenses estavam empreendendo com o intuito de “resgatar, preservar e defender a memória, o meio-ambiente e o patrimônio histórico-cultural do município de Cerqueira César e adjacências.

Com o pedido de orientação técnica na organização do museu, chegaram algumas informações bastante alvissareiras. O museu já contava com a criação de uma associação sem fins lucrativos, composta por uma diretoria e membros que, desde 2011, haviam se empenhado pela sua organização ao longo de quinze reuniões de estudo e uma assembleia geral, realizada em 28 de outubro de 2013. Na ocasião, aprovou-se o estatuto da entidade estabelecendo seus objetivos e metas, bem como direitos e responsabilidades de seus membros, além de instituir sua forma de organização e atuação para alcançar os seus objetivos.

A par da trajetória de institucionalização do museu, o grupo lideradopor IngePaulitsch já vinha atuando no espaço físico da antiga oficina mecânica de seu pai, Tomas Paulitsch, situada à rua Saldanha Marinho, nº 144 e 158, onde a partir de uma coleção de objetos variados fabricados por ele – implementos agrícolas, carroças, ferramentas e instrumentos diversos, além de uma máquina de ferramentaria – os quais colaboraram para o desenvolvimento econômico do município e da região, se formara um acervo eclético composto por doações da população de Cerqueira César, que passou a reconhecer no Memorial do Imigrante Topa um lugar de memória vocacionado para preservar a história da cidade.

Para realizar seus objetivos, conforme consagrado em seus estatutos, o grupo decidiu atuar em cinco frentes: a catalogação e organização do acervo museológico, a preservação das memórias familiares, o apoio e desenvolvimento de pesquisas históricas e de ações voltadas às práticas pedagógicas, a salvaguarda do patrimônio ambiental do município e seu entorno e, por último, a regulamentação legal da entidade para garantir o pleno funcionamento de suas atividades.

Ao grupo se juntaram professores, advogados, comerciantes, profissionais das mais diversas áreas, donas-de-casa, estudantes, enfim um conjunto de cidadãos que se interessam e valorizam a preservação da memória local e seu patrimônio integral, incluindo o patrimônio histórico-cultural e o patrimônio ambiental.

É importante assinalar – em que pese a ilustre formação intelectual da sra.Inge e deoutros associados – não houve inicialmente a preocupação de buscar um balizamento teórico no campo da Museologia. Da mesma forma, o agrupamento também não se restringiu apenas a cidadãos considerados “ilustres”. Ao contrário, o grupo se fortalece com a participação direta de pessoas dos mais diferentes estratos sociais, valorizando saberes das mais distintas origens. O Memorial do Imigrante Topa surge, pois, como uma legítima e espontânea iniciativa museológica amparada em dois pilares – o desenvolvimento da comunidade e a pedagogia que se apoia no patrimônio integral do território e na participação de agentes pertencentes a essa mesma comunidade.
Não é por menos que a iniciativa despertou-me, porque não dizê-lo, um verdadeiro fascínio. Como pesquisador interessado nesta modalidade de museu que, a partir da década de 1970, sob diferentes formatos e denominações – ecomuseus, museus comunitários, museus de resistência ou museus de território, disseminou-se por todos os continentes do Velho e do Novo Mundo, em direção a uma atuação mais incisiva acerca da democratização da cultura e da autogestão do patrimônio, compreendido como a totalidade do ambiente natural e cultural, atuando em escolas, comunidades do entorno, populações carentes de periferias urbanas e rurais, logo tive a percepção de que se tratava de uma experimentação museológica ímpar no Estado de São Paulo.

Nascido com o DNA de museu comunitário, o Memorial do Imigrante Topa propõe-se a ser um instrumento de participação popular no planejamento do território e no desenvolvimento comunitário. Para tanto, seus membros elegeram como público-alvo os cidadãos do município de Cerqueira César, em especial o público em idade escolar, mas não somente. Também são almejadas todas as pessoas interessadas nos recursos e métodos a serem utilizados para fazer com que essa comunidade apreenda, analise, critique e atue de maneira livre e responsável para empreender as mudanças necessárias para o enfrentamento das dificuldades e problemas que a ela se apresentam no quadro real da vida cotidiana. Dessa forma, o público do museu também é a um só tempo reconhecido como agente da transformação social a que se aspira.

Segundo Camilo de Mello Vasconcelos (2006), “em primeiro lugar, devemos reconhecer que o museu pode converter-se em instrumento para fortalecer e problematizar as identidades e a integração das comunidades, promovendo a tolerância, o respeito mútuo e a aceitação da diversidade cultural”.

Trata-se, portanto, de um museu a ser construído com e não para a comunidade.  Há que se considerar, entretanto, a importância do turista que visita a cidade. Ainda que ocasional, o turista deseja conhecer as peculiaridades locais e ao mesmo tempo vivenciar experiências singulares, o que o museu pode seguramente proporcionar se estiver preparado para surpreendê-lo com exposições cativantes que sejam capazes de emocioná-lo. Nesse sentido, o museu deverá traduzir a hospitalidade da comunidade cerqueirense em ações de acolhimento que faça o turista se sensibilizar com o respeito ao patrimônio local de forma integral, elevando a autoestima da população que passa a se orgulhar de si própria como artífice de sua identidade social.
Com uma população estimada em cerca de vinte mil habitantes, situado na região sudoeste paulista, situado a 280 km da capital, com acesso pelas rodovias Castello Branco e Raposo Tavares, o município de Cerqueira César destaca-se pelas suas belezas naturais comosuas cascatas como a do Saltinho e cachoeira do Macuco, pela sua excelente água jorrando de fonte natural e a Represa de Jurumirim que se configura como meio de lazer através da pesca, do passeio de barco e esportes aquáticos. Cerqueira César também é famosa pelo Santuário Arquidiocesano de Santa Teresinha do Menino Jesus que abriga as relíquias de Santa Teresinha de Lisieux , vinda da França.

Como os demais municípios da Média Sorocabana, após o declínio da cultura cafeeira, a economia local passou a depender de atividades agropecuárias e de pequenas indústrias, apresentando ainda hoje indicadores sociais deficientes. Nas edições de 2010 e 2012 do Índice Paulista de Responsabilidade Social(IPRS), Cerqueira César classificou-se no Grupo 4, que agrega os municípios com baixos níveis de riqueza e com deficiência em um dos indicadores sociais (longevidade ou escolaridade).

É para combater a flagrante discrepância entre a riqueza do patrimônio ambiental e cultural do município e os níveis de qualidade de vida de sua população que o Memorial do Imigrante Topa se dispõe a atuar, em parceria com a rede de ensino público e privado, como um centro de pesquisas, criação e apoio de práticas pedagógicas de educação popular, visando o desenvolvimento sustentável do município.

No limite, estamos falando do direito à memória e pelo reconhecimento do direito de empreender a reinvenção do território como um processo social que valoriza a identidade e o patrimônio cultural transformado em herança, não apenas em sua dimensão melancólica e saudosista de um passado que não tem volta, mas sobretudo como um componente vital para a reinvenção do futuro.
Davidson Panis Kaseker é museólogo e diretor do Sistema Estadual de Museus de São Paulo (SISEM SP)/ Secretaria Estadual de da Cultura

Referências
KASEKER, Davidson Panis – Museu, território, desenvolvimento: Diretrizes do processo de musealização na gestão do patrimônio de Itapeva (SP); Orientador José Luiz de Morais. 288 f. Dissertação de Mestrado – Universidade de São Paulo, 2014.
VARINE-BOHAN, Hugues de – As raízes do futuro – O patrimônio a serviço do desenvolvimento local. Trad. Maria de Lourdes Parreiras Horta.  Porto Alegre: Medianiz, 2012.
VASCONCELOS, Camilo de Mello – Turismo e museus. São Paulo: Aleph, 2006 (Coleção ABC do Turismo)
INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS.Museus e Turismo: Estratégias de cooperação– BRASÍLIA, DF : IBRAM,2014.80P. : IL. ; 23 CM.  ISBN 978-85-63078-30-8.


Fonte: GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO - SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA


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