Uma tese universitária que seja a própria experiência da arte e da caricatura. A partir deste desafio inédito no Brasil, o caricaturista e professor Camilo Riani construiu a tese de doutoramento Caricatas: arte-rosto-humor-experiência, defendida no Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro sob orientação do professor César Leite.
A pesquisa foi considerada pela banca examinadora convidada pela Unesp como um divisor de águas nos estudos acadêmicos do país. “A partir da aprovação oficial desta arte-tese, futuros pesquisadores passam a contar com uma nova jurisprudência em termos de forma e conteúdo, em inúmeras áreas”, comentou o livre-docente da Unicamp Sílvio Gallo, incentivador da experiência, que integrou a banca composta por cinco acadêmicos, entre professores titulares de diferentes universidades brasileiras.
“Foi um dos maiores desafios de minha vida, tanto artística como acadêmica e pessoal”, enfatiza Camilo Riani, que recebeu o título de doutor após o processo da defesa ocorrida durante o mês de setembro, dentro do programa de pós-graduação em Educação da Unesp-Rio Claro. O material chama a atenção tanto pelo impacto visual como pelo vasto conteúdo apresentado artisticamente pelo caricaturista, que preside o Salão Universitário de Humor de Piracicaba, tradicional evento internacional do segmento.
Ao comentar sobre a tese, o pesquisador da Universidade Federal de São Paulo, Alexandre Filordi, destacou que “aqui os conceitos não falam, eles operam em paisagens artísticas. E trans-invadem dimensões impensadas”. “Ouvir tais análises de grandes pensadores mostra que o caminho foi acertado, apesar do grande risco envolvido e da complexidade, por conta da inexistência de trabalhos anteriores nesse formato”, lembra Camilo, que também é professor universitário do curso de Design Gráfico/Unimep.
Durante todo o trabalho, o artista apresenta teorias de consagrados intelectuais, como Foucault, Nietzsche e Deleuze, por meio de criativas composições visuais, ao lado de dezenas de obras e caricaturas premiadas de sua carreira. Para um dos membros da banca, o professor doutor Wenceslao Oliveira, coordenador do grupo de pesquisa Olho e docente na pós-graduação da Unicamp, “as composições visuais arrastam as imagens à condição de conceitos”. Segundo a observação de outro integrante do grupo, o professor doutor Roger Miarka da Unesp-Rio Claro, o trabalho de Camilo Riani “é uma tese que tira a gente do chão, que realmente faz pensar”.
“Todos foram extremamente fundamentais. Já minha esposa, Andréa Riani, e meu orientador, César Leite, foram as grandes bases que transformaram esse sonho maluco em realidade”, concluiu o artista, que iniciou negociação com representantes de editoras interessadas na publicação da obra completa.
Contatos do pesquisador:
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