19/10/2016 ( Caderno:
Agenda )
A caça e a redução de guarda-parques comprometem
a biodiversidade, diz estudo da Unesp
Grandes florestas contínuas são a principal esperança para a conservação de grandes mamíferos, como queixadas, onças e muriquis. Apesar da Mata Atlântica ser considerada uma floresta com enorme biodiversidade apenas na Serra do Mar é grande o suficiente para conservar esses grandes mamíferos a longo prazo.
Um estudo recentemente publicado na revista inglesa Animal Conservationdesenvolvido pelos pesquisadores do Laboratório de Biologia da Conservação-LaBiC, do Instituto de Biociências de Rio Claro, sugere que o futuro desses animais corre risco devido a caça ilegal e a crescente falta de interesse do governo do Estado na proteção desses parques.
Segundo o pesquisador responsável, Mauro Galetti, professor do Departamento de Ecologia, foram registradas 44 espécies de mamíferos ao longo de 4 mil km percorridos na floresta. “A Serra do Mar ainda abriga todas as espécies de mamíferos possíveis mas em densidades críticas, ou seja apesar de ainda abrigar todas as espécies, tem muito poucos indivíduos” comenta Galetti.
Esse trabalho envolveu diversos alunos de graduação, mestrado e doutorado da UNESP. “Após um treinamento em conjunto, cada aluno ficou responsável por amostrar um Parque durante um ano” complementa Galetti que foi o orientador desses estudos. “Mais de 5 anos de estudos de campo foram realizados e é o maior esforço amostral já realizado na Mata Atlântica” diz Galetti.
De acordo com Ricardo Bovendorp, pesquisador do LaBiC do Departamento de Ecologia da Unesp de Rio Claro, a biomassa de mamíferos é reduzida em até 98% em locais onde a caça é frequente. “Encontramos muitos vestígios de caçadores em todos os Parques Estaduais que estudamos” comenta Bovendorp.
Como a crescente falta de proteção dos Parques Estaduais de São Paulo, essa situação deve se agravar. “Boa parte dos Parques Estaduais perdeu mais de 60% dos funcionários que faziam a proteção. Agora os parques estão sendo invadidos por milícias de palmiteiros e caçadores” comenta Galetti. “É só visitar qualquer Parque Estdual e você notará o abandono do Estado” diz Galetti.
“A Serra do Mar do Estado de São Paulo apesar de protegida por Parques Estaduais e Estações Ecológicas vem sofrendo com cortes e financiamentos nos últimos anos com a ausência de proteção, isso poderá definir o futuro dos mamíferos na Mata Atlântica” completa Bovendorp.
Do estudo também participaram Carlos R. Brocardo, Rodrigo A. Begotti, Luana Hortenci, Fabiana Rocha-Mendes, Christine S. S. Bernardo, Rafael S. Bueno, Rodrigo Nobre, Renato M. Marques, Fernanda Meirelles, Sabrina. K. Gobbo, Gabrielle Beca, Gabriela Schmaedecke e Tadeu Siqueira do departamento de Ecologia da Unesp Rio Claro.
Confira o texto na integra no link:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/acv.12311/full
Contato
Dr. Ricardo S. Bovendorp
Ecólogo - Pós-doutorando em Ecologia
Unesp - Rio Claro, SP, Brasil
bovendorp@rc.unesp.br