Em sua primeira visita ao Brasil, Macron se encontrou
com jovens pesquisadores do Institut Pasteur
de S�o Paulo (foto: Daniel Ant�nio/Ag�ncia FAPESP)

Em visita � capital paulista nesta quarta-feira (27/03), o presidente franc�s, Emmanuel Macron, inaugurou o Institut Pasteur de S�o Paulo (IPSP) e destacou a “hist�ria cient�fica e intelectual profunda” que existe entre Fran�a e Brasil.

“Eu acredito que a pesquisa e os la�os acad�micos s�o muito importantes. Eles n�o s�o alheios ao per�odo pol�tico. E entre nossos dois pa�ses h� uma hist�ria cient�fica e intelectual muito profunda. N�s estamos fazendo agora... e h� essa abertura�formid�vel com o presidente Lula... O [trabalho] que voc�s est�o fazendo – pesquisadores, pesquisadoras, professores – em parceria com os outros�laborat�rios do instituto [rede Pasteur] � mais s�lido que as vicissitudes do tempo. Felizmente [...] Obrigado por terem dedicado muitos anos de suas vidas. E obrigado aos nossos parceiros brasileiros que est�o aqui presentes”, disse Macron.

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Sediado no campus da Universidade de S�o Paulo (USP), em um espa�o de 2 mil metros quadrados, o mais novo membro da rede Pasteur tem capacidade para abrigar cerca de 100 cientistas. S�o 17 laborat�rios – quatro deles com n�vel 3 de biosseguran�a (NB3) –, al�m de uma unidade de bioinform�tica e diversos equipamentos multiusu�rios. O foco principal da equipe � o estudo de doen�as emergentes, reemergentes, negligenciadas e degenerativas – particularmente aquelas capazes de afetar o funcionamento do sistema nervoso central e o neurodesenvolvimento.

Como explicou�a diretora-executiva do IPSP, Paola Minoprio, a filial paulista da rede vai dar continuidade ao trabalho que j� vinha sendo desenvolvido desde 2017, com apoio da FAPESP, no �mbito da Plataforma Pasteur-USP (SPPU). Em julho de 2022, foi firmado um acordo entre a USP, o Institut Pasteur de Paris e o governo do Estado de S�o Paulo para transformar a SPPU em membro pleno da rede Pasteur, que congrega 33 laborat�rios em 25 pa�ses (leia mais em: agencia.fapesp.br/39067).

“J� era previsto que esse processo ocorreria em duas etapas: primeiro, consolidar a rela��o dos parceiros em termos de pesquisa e forma��o de pessoal e, se tudo funcionasse bem, passaria a ser um Institut Pasteur”, conta Minoprio � Ag�ncia FAPESP. “Se a gente n�o tivesse a infraestrutura da USP, o apoio dos engenheiros do Pasteur e a parceria com a FAPESP, que nos permitiu equipar a SPPU e est� nos permitindo equipar o Institut Pasteur de S�o Paulo, n�o seria poss�vel fazer isso em t�o pouco tempo. A FAPESP tem sido fundamental�ssima em tudo isso”, afirmou Minoprio.

“A Plataforma Pasteur-USP j� foi uma excelente iniciativa, mas com este instituto passamos a ter, realmente, uma vincula��o entre as duas institui��es. N�s podemos usar fundos das duas institui��es, podemos procurar outras formas de financiamento de maneira aut�noma, al�m de participar da network Pasteur, que tem laborat�rios ao redor do mundo. Isso traz uma nova perspectiva para este instituto, provavelmente um aumento no n�mero de pesquisadores”, disse � Ag�ncia FAPESP Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, em entrevista concedida pouco antes do descerramento da placa.

A cerim�nia de inaugura��o tamb�m contou com a presen�a do ministro da Europa e dos Assuntos Estrangeiros da Fran�a, St�phane S�journ�, que visitou os novos laborat�rios e conversou com os pesquisadores e p�s-doutorandos da equipe. Tamb�m participaram a presidente do Institut Pasteur de Paris, Yasmine Belkaid; o embaixador da Fran�a no Brasil, Sylvie Lemmet; o c�nsul-geral da Fran�a em S�o Paulo, Yves Teyssier D Orfeuil; o secret�rio Estadual de Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o, Vahan Agopyan; o presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago; o diretor administrativo da Funda��o, Fernando Menezes; o vice-presidente do Conselho do IPSP, Fran�ois Romaneix; o presidente do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS, principal ag�ncia de fomento francesa), Antoine Petit; e diversos dirigentes da USP.

Maria Arminda Arruda (vice-reitora da USP), Marco Antonio Zago,
Paola Minoprio,�Emmanuel Macrone�Vahan Agopyan
(foto: Daniel Ant�nioo/Ag�ncia FAPESP)

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Pesquisa de classe mundial

Na avalia��o do presidente da FAPESP, a vinda do Institut Pasteur para a USP representa um passo muito importante para a internacionaliza��o do Estado de S�o Paulo. “A USP ofereceu a estrutura f�sica, o local para acomodar [os pesquisadores] e tamb�m apoio administrativo. E a FAPESP oferece recursos para os projetos”, explicou Zago.

E acrescentou: “Teve um primeiro Projeto Tem�tico, que foi importante para come�ar as pesquisas [ainda na SPPU], e agora h� outro que est� sendo encaminhado. Outra iniciativa s�o as bolsas de Jovem Pesquisador. Elas concedem um valor importante, o equivalente ao que ganha um professor em in�cio de carreira e, al�m disso, um apoio � pesquisa, isto �, instrumentos, equipamentos e material de consumo. E os jovens selecionados pela FAPESP e que est�o vindo para o Institut Pasteur de S�o Paulo recebem ainda uma suplementa��o do pr�prio Pasteur de Paris. Portanto, temos aqui uma conjuga��o de interesses positiva.”

S�o ao todo 17 laborat�rios, quatro deles com n�vel 3
de biosseguran�a (foto: Daniel Ant�nio/Ag�ncia FAPESP)

O Institut Pasteur de S�o Paulo conta com seis linhas de pesquisa: Biologia Integrativa; Ecoepidemiologia, Diversidade e Evolu��o de V�rus Emergentes; Modelagem de Doen�as do Sistema Nervoso; Processos Infecciosos de Tripanossomat�deos; Vacinologia; e Virologia Cl�nica e Molecular.

A equipe j� publicou, ainda enquanto Plataforma Cient�fica Pasteur-USP, mais de 90 artigos cient�ficos, incluindo pesquisas sobre a COVID-19 e a s�ndrome do zika. Tamb�m desempenhou papel crucial durante a pandemia de COVID-19, participando do desenvolvimento e de testes de v�rios m�todos de diagn�stico para a doen�a.

“O fato de o Brasil ser um campe�o da biodiversidade nos d� uma vantagem muito grande. Permite apreciar a descoberta de pat�genos que possam emergir e, eventualmente, passar para o homem. E estudar como as mudan�as clim�ticas interferem no desenvolvimento e na variabilidade de microrganismos, bem como na transmiss�o de infec��es”, explicou Minoprio.

Segundo a diretora-executiva do IPSP, o fato de o Brasil ser colonizado por diversas ra�as e abrigar grande variabilidade gen�tica tamb�m interessa muito aos cientistas. “Podemos estudar, ao mesmo tempo, um processo infeccioso sob v�rios �ngulos: do clima, da microbiota – que varia dependendo de onde a pessoa est�, do que come etc. – e da gen�tica. Entender como tudo isso influencia a suscetibilidade a infec��es”, acrescentou.

Em comunicado divulgado pela assessoria de comunica��o do IPSP, Yasmine Belkaid ressaltou que, ao longo de sua hist�ria, o Institut Pasteur estabeleceu fortes v�nculos com o Brasil. E que a inaugura��o do Institut Pasteur de S�o Paulo confirma “nosso forte compromisso com nossos parceiros brasileiros”.

“Agrade�o a toda a equipe do Institut Pasteur de S�o Paulo, especialmente � Universidade de S�o Paulo e � FAPESP, por seu admir�vel trabalho na constru��o deste novo instituto em um ritmo t�o r�pido. Hoje, para responder aos novos desafios globais, � essencial estudar o impacto das mudan�as clim�ticas na sa�de e as condi��es de surgimento de novos pat�genos. A comunidade cient�fica deve se comprometer com uma abordagem plural e coletiva, por meio da cria��o de institui��es multidisciplinares e internacionais", afirmou.

Assista ao v�deo: https://www.youtube.com/watch?v=Ee4KXD9IRio&t=10s