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Máquina de nuvens: emissões da floresta amazônica e descargas elétricas produzem partículas de chuva, segundo estudo da Fapesp

05/12/2024 ( Caderno: Meio Ambiente )

Estudo publicado na Nature demonstra mecanismo que faz isopreno
– um gs liberado pela vegetao – gerar grandes quantidades de aerossis,
responsveis por formar ncleos de condensao;
processo pode ter influncia no clima global


Nuvens sobre a bacia amaznica:
foto tirada durante um voo de pesquisa
(crdito:: Philip Holzbeck/Instituto de Qumica Max Planck)

Um grupo internacional de pesquisadores, com destaque para a participao de brasileiros, conseguiu pela primeira vez desvendar o mecanismo fsico-qumico que explica o complexo sistema de formao de chuvas na Amaznia, com influncia no clima global. Envolve a produo de nanopartculas de aerossis, descargas eltricas e reaes qumicas em altitudes elevadas, ocorridas entre a noite e o dia, resultando em uma espcie de “mquina” de aerossis que vo produzir nuvens.

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A pesquisa, publicada ontem (04/12) na capa da revista Nature, descreve os mecanismos de como o isopreno – um gs liberado pela vegetao por meio de seu metabolismo – transportado at a camada da atmosfera acima da superfcie terrestre prxima da tropopausa durante tempestades noturnas. Uma srie de reaes qumicas desencadeadas com a radiao solar d origem a uma grande quantidade de aerossis que formam as nuvens. Esta produo de partcula acelerada por reaes com xidos de nitrognio produzidos por descargas eltricas na alta atmosfera, em nuvens dominadas por cristais de gelo.

At ento, os cientistas j haviam identificado as partculas em outra expedio, mas no o mecanismo fsico-qumico completo. Acreditava-se que o isopreno no chegaria s camadas superiores da atmosfera porque reagiria ao longo do caminho, pois bastante reativo, e se degradaria rapidamente com a luz solar. Com a descoberta desses novos mecanismos, ser possvel aprimorar modelos do sistema terrestre, ferramentas fundamentais para simular o clima e compreender o funcionamento presente e futuro do planeta.

Para chegar ao resultado, o grupo usou o material obtido durante o experimento cientfico CAFE-Brazil, sigla em ingls para Chemistry of the Atmosphere: Field Experiment in Brazil. nico desse tipo, o experimento realizou diversos voos sobre a bacia amaznica entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, a 14 quilmetros (km) de altitude, o que corresponde a duas vezes a altura do Aconcgua, ponto mais alto da Amrica do Sul. Totalizou 136 horas de voo, cobrindo 89 mil km – mais do que duas voltas completas na Terra pelo Equador.


Aeronave de pesquisa do projeto
CAFE-Brazil logo aps a decolagem
(foto: Dirk Dienhart/Instituto de Qumica Max Planck)

“Um dos destaques desse trabalho ver como a Amaznia tem uma simbiose de complexos mecanismos e importantes fenmenos que agem dentro de um sensvel equilbrio do ecossistema. A preservao desse equilbrio permite manter as condies do clima como conhecemos atualmente. Alteraes como as provocadas pelas mudanas climticas ou pelo desflorestamento podem gerar efeitos inesperados e no estudados ainda”, explica Agncia FAPESP um dos autores brasileiros da pesquisa, o professor Luiz Augusto Toledo Machado.

Pesquisador do Instituto de Fsica da Universidade de So Paulo (IF-USP) e colaborador do Departamento de Qumica do Instituto Max Planck, na Alemanha, Machado diz que o resultado abre um horizonte amplo para analisar o impacto do aquecimento global no clima, no meio ambiente e no ecossistema.

Para Paulo Artaxo, coordenador do Centro de Estudos Amaznia Sustentvel (CEAS) da USP, professor do IF-USP e coautor do artigo, os resultados permitem realizar modelagens com mais confiabilidade, podendo incluir mecanismos do ponto de vista fsico-qumico e biolgico.

“As emisses de isopreno dependem da floresta em p. Elas no ocorrem se a vegetao nativa for substituda por pastagem ou cultura de soja. Com o desmatamento, esse mecanismo de produo de partculas destrudo, reduzindo a formao de nuvens e de precipitao. o que chamamos de realimentao negativa no sistema climtico total, pois o desmatamento traz reduo de precipitao de maneira significativa por diminuir a evapotranspirao e a produo de partculas, que dependem das emisses de isopreno”, afirma Artaxo.

Levantamento divulgado pelo MapBiomas em outubro, com base em imagens de satlites, mostrou que pastagem foi a principal finalidade do desmatamento da Amaznia entre 1985 e 2023. No perodo, o crescimento dessa rea foi de mais de 363%, passando de cerca de 12,7 milhes para 59 milhes de hectares. Com isso, 14% da Amaznia tinha virado rea de pastagem em 2023.

O mecanismo

A floresta exala aromas muito caractersticos. So gases conhecidos como compostos orgnicos volteis (VOCs, na sigla em ingls), entre eles o terpeno – grupo de substncias encontradas em resinas de rvores e leos essenciais – e o isopreno. Estima-se que as florestas em todo o mundo liberem mais de 500 milhes de toneladas de isopreno na atmosfera anualmente, sendo que um quarto dessa emisso vem da Amaznia.

Na floresta amaznica, o isopreno emitido durante o dia, pois depende da luz do sol. Acreditava-se que o gs no alcanava as camadas mais altas da atmosfera porque seria destrudo em poucas horas por radicais hidroxila, altamente reativos. “Agora, estabelecemos que isso parcialmente verdade. Ainda h quantidade considervel de isopreno noite. Uma parte significativa dessas molculas pode ser transportada para camadas mais altas da atmosfera”, afirma em nota o autor correspondente do artigo, Joachim Curtius, professor da Universidade Goethe de Frankfurt (Alemanha).

Durante a noite, tempestades tropicais sobre a floresta ajudam a transportar gases, como o isopreno, para camadas mais altas por meio de conveco intensa. Semelhante a um aspirador, esse processo impulsionado por correntes de ar ascendentes, especialmente em regies com alta umidade e calor acumulado. Os gases se combinam com compostos de nitrognio provenientes dos relmpagos na alta atmosfera.

Nas reas mais altas, entre 8 e 15 km de altitude, as temperaturas chegam a 60C negativos. Cerca de duas horas aps o sol nascer, os radicais hidroxila que se formam tambm nessas altitudes reagem com o isopreno, dando origem a nitratos orgnicos, compostos diferentes dos encontrados prximos ao solo. Produzem, assim, altas concentraes de nanopartculas de aerossis, com mais de 50 mil delas por centmetro cbico.

Essas partculas crescem ao longo do tempo e so transportadas por longas distncias, podendo atuar como ncleos de condensao de nuvens. Influenciam o ciclo hidrolgico global, o balano de radiao e o clima. Os mecanismos de formao desses compostos nitrogenados orgnicos agora sero incorporados nos modelos climticos, melhorando a previso de chuvas, especialmente em regies tropicais.

A FAPESP apoia o estudo por meio de um Projeto Temtico vinculado ao Programa de Pesquisa sobre Mudanas Climticas Globais (PFPMCG) e liderado por Machado e outro por Artaxo, alm de outros quatro projetos (23-04358-9, 21/03547-7, 22/01780-9 e 22/13257-9).

Alm dessa pesquisa, a Nature traz na mesma edio outro estudo desenvolvido por parte da equipe de pesquisadores que trata da nova formao de partculas a partir do isopreno na troposfera superior. Eles reproduzem em cmaras experimentais as condies presentes nessas altitudes, analisando em detalhe as reaes desencadeadas pela luz solar.

A expedio

Vrios voos de pesquisa realizados no experimento CAFE-Brazil contriburam para a gerao de perfis de altitude para diferentes gases. Foi possvel medir massas de ar transportadas para a troposfera superior e as diferenas entre as situaes diurnas e noturnas.

O professor Machado, que participou da coleta de informaes na Amaznia, conta que os voos chegavam a ter durao de at 12 horas. “Virvamos a noite. Percebemos que as partculas se formavam de manh. Por isso, saamos de madrugada. As equipes iam para o aeroporto para voar, enquanto eu e outros pesquisadores ficvamos na sala de operaes acompanhando e dando diretrizes das previses e de onde estavam as chuvas. Eu tambm fazia voos que entravam nas nuvens para medir isopreno. Era bem emocionante”, relata.


Machado, esquerda, durante um dos voos (foto: acervo pessoal)

A base de trabalho foi montada em Manaus (AM). Os voos eram realizados com o avio HALO (sigla em ingls para High Altitude and LOng range research aircraft), uma aeronave de pesquisa para longas distncias (mais de 8 mil km), altas altitudes (at 15,5 km) e grandes cargas (at 3 toneladas). O experimento contou com a parceria entre a Universidade Goethe de Frankfurt, o Instituto Max Planck de Qumica (Alemanha), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – que foi responsvel pela licena da expedio cientfica coordenada pelo pesquisador Dirceu Herdies, tambm autor do artigo –, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (Inpa) e a USP.


Equipe do CAFE-Brazil, sediada em Manaus (foto: divulgao)

Recentemente, outro estudo liderado por Machado foi publicado na revista Nature Geoscience mostrando que a floresta capaz de produzir sozinha aerossis que, induzidos pela prpria chuva, desencadeiam um processo de novas formaes de nuvens e precipitao (leia mais em: agencia.fapesp.br/53265).

Os artigos Isoprene nitrates drive new particle formation in Amazon’s upper troposphere e New particle formation from isoprene in the upper troposphere podem ser lidos, respectivamente, em: www.nature.com/articles/s41586-024-08192-4 e www.nature.com/articles/s41586-024-08196-0.


Fonte: Agência Fapesp / Texto Luciana Constantino / Fotos Divulgação


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