01/10/2015 ( Caderno:
História de São José dos Campos )
Em meio ao barulho dos carros, o movimento dos pedestres na
rua, escondido atrás de prédios, existe um oásis de tranquilidade e
espiritualidade em São José dos Campos. É o Sanatório Maria Imaculada,
patrimônio histórico, cultural e religioso do município que completa 80 anos no
dia 6 de outubro. A instituição pertence ao Instituto das Pequenas Missionárias
de Maria Imaculada.
Fundado em 1935 por Madre Maria Teresa de Jesus
Eucarístico, o Sanatório Maria Imaculada recebe mensalmente a visita de milhares
de pessoas. A maioria delas busca conforto espiritual ou apoio social.
"O período sanatorial foi marcado por muito
sofrimento. Foi a necessidade de ajudar e apoiar as mulheres tuberculosas que
motivou Madre Teresa a construir o Sanatório. A partir desse trabalho, a obra se
expandiu. Felizmente, muitas pessoas receberam ajuda e ainda continuam
recebendo. Permaneceram a vida, a fé e a religiosidade no local", explica a Irmã
Sandra Maciel Notolini, superiora geral da Congregação das Pequenas Missionárias
de Maria Imaculada.
Para comemorar a data e recontar um pouco da história do
antigo Sanatório, as Irmãs Pequenas Missionárias, que administram o local,
realizarão entre os dias 2/10 e 6/10, uma exposição com fotos e objetos da época
da fundação do antigo Sanatório.
Também serão organizadas visitas guiadas à
exposição e ao Memorial de Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico, que viveu no
Sanatório, morreu no local em 1972 e encontra-se em processo de canonização no
Vaticano, sendo considerada oficialmente "Venerável Madre Teresa".
As visitas poderão ser agendadas
antecipadamente pelo telefone (12) 99199-8963.
Os 80 anos do Sanatório
também serão comemorados com uma missa solene no dia 6/10, às 18 horas,
celebrada pelo Padre Joaquim Ferreira Xavier Júnior, fundador dos Sacerdotes da
Ressurreição que conheceu Madre Teresa e recebeu dela acolhida e tratamento
enquanto estava doente.
Atualmente, o Sanatório Maria Imaculada abriga a
sede do Governo Geral da Congregação das Pequenas Missionárias, um Pensionato
para Idosas, a Capela do Maria Imaculada e o Memorial de Madre Maria Teresa que
conserva todos os objetos do período que ela viveu no local.
Sanatório foi fundado por Madre Maria
Teresa O Sanatório Maria Imaculada foi idealizado por Madre
Maria Teresa de Jesus Eucarístico, fundadora da Congregação das Pequenas
Missionárias de Maria Imaculada, que se encontra em processo de canonização no
Vaticano.
Em 1926, após a morte da mãe, a jovem Dulce Rodrigues dos
Santos retornou a São José dos Campos para consolidar sua cura da tuberculose e
iniciou neste mesmo ano sua ação missionária junto aos doentes na
cidade.
Preocupada com o ambiente inadequado oferecido em várias pensões
da cidade, Dulce intensificou o trabalho de assistência a mulheres
tuberculosas.
Junto com outras jovens, cuidou de muitas doentes mantendo
casas e pensões na região central da cidade. "A Pensão da Dona Dulce" se tornou
conhecida pelo trabalho caridoso junto às tuberculosas e por ser um dos melhores
e mais sadios locais para o tratamento da doença.
Preocupada com o
aumento do número de doentes na cidade, Dulce, com poucos recursos financeiros,
comprou um chácara na Rua Major Antônio Domingues com a finalidade de construir
um Sanatório. A pedra fundamental foi lançada em 25/3/1933. No dia 2/8/1935,
Dulce transferiu cerca de 35 jovens doentes que atendia em uma pensão na Praça
Afonso Pena para o então Sanatório Maria Imaculada. A inauguração aconteceu
oficialmente no dia 6/10/1935.
Congregação religiosa nasceu do trabalho
caritativo junto às tuberculosas O importante trabalho
realizado pela jovem Dulce Rodrigues do Santos tornou-se conhecido dos doentes e
era acompanhado pela igreja.
Nesse período, Dulce foi chamada por Dom
Epaminondas Nunes D'Ávila e Silva, bispo de Taubaté na época, que manifestou o
desejo de constituir uma Congregação diocesana para as obras de
caridade.
A pedido do bispo, Dulce elaborou um documento definindo o
carisma (espiritualidade, campo de ação e objetivos) da futura
associação.
Em 1932, enquanto Dulce dava continuidade ao atendimento às
doentes, foi criada a Associação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada
com cinco associadas.
Neste período, passou a liderar entusiasticamente
os trabalhos de construção, o que motivou Dom Epaminondas a transformar a
Associação em Congregação Religiosa.
Em 14/10/1934, enquanto o Sanatório
Maria Imaculada era construído, Dom Epaminondas autorizou as irmãs a vestirem o
hábito e usarem o nome religioso. Dulce foi denominada então superiora da
Congregação e recebeu o nome de Madre Maria Teresa de Jesus
Eucarístico.
Local abriga os restos mortais de Madre Maria
Teresa
Ao contrário do que muitos joseenses pensam, os restos mortais de
Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico não estão no Cemitério
Municipal.
Em 1º/9/2005, durante o processo de canonização que foi
iniciado em 1997, os restos mortais foram transferidos para a Capela de Maria
Imaculada, que fica dentro do Sanatório.
Ao lado do altar, uma lápide
vertical em granito marrom guarda os restos mortais e as vestes intactas de
Madre Maria Teresa. O local recebe visitas diárias de devotos que depositam
flores e pedem graças à venerável. Todo dia 8 de cada mês, no momento da santa
missa, data em que se celebra o aniversário da morte da Madre, as Irmãs colocam
os pedidos de graças de seus devotos diante do altar.
O período
sanatorial Na primeira metade do século XX, São José dos
Campos ganhou destaque nacional na chamada fase sanatorial, quando inúmeros
doentes procuravam o clima da cidade em busca de cura para a tuberculose, o que
tornou o município conhecido como "Cidade Esperança".
Os sanatórios eram
edificações hospitalares, criadas e mantidas, principalmente por ordens
religiosas, e que ofereciam aos pacientes amparo médico e assistência
filantrópica.
Fazem parte da história da evolução das instituições
hospitalares e dos estabelecimentos destinados ao isolamento de enfermos, sendo
considerados precursores na introdução de novos sistemas de higiene, disciplina
e do controle social. O período Sanatorial marcou toda a organização espacial
e social de São José dos Campos, com a introdução de novas profilaxias e meios
de tratamento dos doentes tuberculosos.
O Sanatório Maria Imaculada
atendeu doentes até 1978 quando o tratamento da tuberculoso passou a ser feito
em nível ambulatorial.
O Sanatório hoje O
Sanatório Maria Imaculada abriga atualmente a sede administrativa da Congregação
das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, uma casa de repouso para idosas, a
Capela Maria Imaculada, onde há duas Missas por dia, Adoração do Santíssimo
Sacramento Exposto, locais de silêncio e espiritualidade e o Memorial de Madre
Maria Teresa de Jesus Eucarístico.
No local moram cerca de 80 religiosas,
45 pacientes idosas e trabalham 100 funcionários. As religiosas também realizam
trabalhos sociais junto à comunidade carente por meio das pastorais de rua,
vocacional e da saúde. Também é realizado um trabalho de aconselhamento e
orientação às famílias.
Sanatório desempenhou diversas
atividades ao longo dos anos O Sanatório Maria Imaculada já
desenvolveu diversas atividades ao longo dos anos.
Além do cuidado com os
doentes, no local eram realizadas cirurgias para retirada de costela
(toracoplastia) e retirada de pulmão (pneumectomia). Também havia um laboratório
onde eram realizados estudos sobre a tuberculose e diversos tratamentos para
tentar a cura da doença.
Como atendia em sua maioria mulheres, o
Sanatório contava com uma sala de parto. Os bebês eram enviados para a Casa
Santa Inês, também fundada por Madre Maria Teresa para atender os filhos das
tuberculosas.
O Sanatório também atendeu cerca de 400 padres e
seminaristas necessitados de cuidados de saúde, bem como tuberculosos. O
pavilhão, que foi construído especialmente para cuidar dos religiosos, foi sede
ainda da Escola de enfermagem Dom Epaminondas.
Muitos joseenses fizeram
catequese no Sanatório onde havia um Centro Catequético para crianças. No local
também, Madre Teresa deu atendimento pessoalmente às mães e famílias mais
pobres.
Quem foi Madre
Teresa Dulce Rodrigues dos Santos veio em 1922 para São José
dos Campos para se tratar de tuberculose. Inconformada com a situação dos
doentes iniciou um trabalho humanitário com o propósito de oferecer dignidade,
saúde e esperança para essas pessoas.
Esse trabalho deu origem a uma obra social
presente em 5 estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Santa Catarina e Mato Grosso e Distrito Federal) e em 4 países (Brasil,
Portugal, Itália e África) por meio de atendimentos nas área da saúde,
assistência social, educação, formação religiosa e pastoral. Em São José dos
Campos, entre as obras dirigidas pelas Pequenas Missionárias estão o Hospital
Antoninho da Rocha Marmo e o Hospital Pio XII. Em Caraguatatuba, as religiosas
são responsáveis pelo Hospital Stella Maris.
Fonte: Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada / Fotos Divulgação
|