15/02/2016 ( Caderno: Opinião )

Por onde quer que eu vá, lá estão eles, os cães de guarda guardando a cidade e seus donos.

Cavaleiros sobem e descem as montanhas e seus cães de guarda com a língua de fora abrem caminho, entre as pernas e patas de cavalos cansados que carregam seus donos.

Muitos machucados e mal cuidados, e assim mesmo acompanham seus donos por onde quer que estejam. Cavalos estacionados nas praças da cidade, cachorros deitados entre as grandes pernas de cavalos cansados que respiram fundos. Os cachorros caminham pela cidade, fazem suas rondas e procuram por alguém que lhes queiram bem. Na praça ao Centro da cidade, uma busca aflita e a luta por comida.

Padaria Vale Verde.

Um entra e sai constante. Bêbados com suas cachaças se embriagam e seus cachorros seguem seus passos e cuidam de seus donos. Nos fundos da padaria, nas mesas fartas de comida, bêbados procuram por cigarros e querem mais cachaça... Buscam por uma cortesia, um agrado, algo de graça.

Os cachorros enfileiram-se na porta da padaria. Parecem conversar entre si, "de quem e a vez agora?", "Vai que é sua!", responde um. Eles olham nos olhos dos seres humanos, e esses nem prestam atenção em seus olhares famintos. Olham nos olhos, balançam seus rabos e fazem carinha de amizade, esboçam sorrisos e continuam com os olhos nos olhos. Olhos que dizem tanto, embora poucos são os que compreendem ou se importam.

E quando alguém lhes dá atenção fazendo uma pequena leitura no olhar, lá vem eles, um a um... Não incomodam Não perturbam Não latem Apenas olham calados ali sentados e famintos Um restinho de comida, suficiente para aquele momento.
É um alívio, uma alento para suas carências Um vai outro vem...