18/01/2018 ( Caderno:
História de São José dos Campos )
Considerada a principal rodovia do país, a Presidente
Dutra
conecta as duas maiores regiões metropolitanas do Brasil:
Rio de
Janeiro e São Paulo
A
Rodovia Presidente Dutra completa 67 anos de existência nesta sexta-feira
(19/1). Desde sua inauguração, o caminho por onde é transportado cerca de 50% do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro passou por transformações que
acompanharam o crescimento populacional e econômico do
país.
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Hoje,
cerca de 23 milhões de pessoas em 36 municípios, incluindo as capitais São Paulo
e Rio de Janeiro, habitam o entorno dos 402 quilômetros da via Dutra, a rodovia
mais importante do Brasil.
Inauguração reduz tempo de viagem pela
metade
No dia 19 de janeiro de 1951, quando foi inaugurada pelo
Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, em solenidade realizada na
altura de Lavrinhas (SP), a então BR-2, nova rodovia Rio-São Paulo, ainda não
estava completamente pronta, mas já permitia o tráfego de veículos entre a então
Capital Federal, Rio de Janeiro, e o pólo industrial de São Paulo. Da então
ligação Rio-São Paulo, 339 quilômetros estavam concluídos, junto com todos os
serviços de terraplenagem e 115 obras de arte especiais (trevos, viadutos,
pontes e passagens inferiores). Faltava, porém, a pavimentação de 60 quilômetros
entre Guaratinguetá (SP) e Caçapava (SP), e seis quilômetros em um pequeno
trecho situado nas proximidades de Guarulhos (SP).
A BR-2 contava com pista simples, operando em mão-dupla
em quase toda sua extensão. Em dois únicos segmentos havia pistas separadas para
os dois sentidos de tráfego: nos 46 quilômetros compreendidos entre a Avenida
Brasil e a garganta de Viúva Graça (hoje, Seropédica), no Rio de Janeiro, e nos
10 quilômetros localizados entre São Paulo e Guarulhos, no trecho
paulista.
A nova rodovia foi construída com as mais modernas
técnicas de engenharia da época e com equipamentos especialmente importados para
isso, o que permitiu a redução da distância rodoviária entre as duas capitais em
111 quilômetros, comparando-se o novo caminho com o traçado da velha rodovia,
inaugurada em 1928.
A maior parte dessa redução foi possível com a superação
obstáculos naturais, basicamente nos banhados da Baixada Fluminense e na área
rochosa da garganta de Viúva Graça, na região de serras entre Piraí e Cachoeira
Paulista, e no segmento da Várzea de Jacareí.
Além disso, sua concepção avançada permitiu a construção
de aclives e declives menos acentuados e curvas mais suaves. Tudo isso
representou uma significativa queda no tempo de viagem, de 12 horas, em 1948,
para seis horas.
Projeto
autossustentável
No total, 1,3 bilhão de Cruzeiros foi investido na
construção da BR-2, quantia altíssima para os padrões da época. Gastos muito
criticados por setores da sociedade civil e pela imprensa, que classificava a
obra como “luxuosa”. O Governo Federal argumentava que o desbravamento do Brasil
dependia de caminhos que pudessem ser abertos com rapidez e eficiência e que a
modernização da ligação Rio-São Paulo era fundamental para o desenvolvimento
nacional.
Foi essa, por exemplo, a linha de argumentação no
discurso de inauguração da rodovia, feito pelo então ministro de Viação e Obras
Públicas, general João Valdetaro de Amorim Mello. “Com um tráfego mínimo de
1.000 veículos diários (...) e tendo em conta a economia resultante do custo de
operação dos veículos rodando sobre uma estrada deste modelo (...) em 10 anos, a
economia nos transportes efetuados sobre esta rodovia atingirá a casa dos 10
bilhões de cruzeiros.”
Tudo isso, lembrava ele, sem contar a economia de
divisas com a redução nos gastos com combustíveis, lubrificantes e peças de
reposição, todos importados.
Projeto inovador na concepção e na
execução
As obras da nova rodovia representavam, ainda, um grande
desafio de engenharia para a época. O “retão” de Jacareí (SP), por exemplo, foi
um trecho que gerou polêmica entre os técnicos, por ser construído sobre terreno
instável, cuja transposição era considerada quase impossível. No entanto, o
trecho foi finalizado com a utilização de 12 milhões de metros cúbicos de terra,
o equivalente a 1,6 milhão de caminhões cheios, em um aterro submerso de 15
metros de profundidade.
No trecho fluminense, a transposição de um trecho
rochoso ao pé da Serra das Araras, chamado de “garganta de Viúva Graça”, também
representou um grande desafio para os engenheiros empenhados na construção da
nova rodovia, que comandaram complexas escavações, permitindo o rebaixamento em
14 metros do paredão de granito.
Grande obra, grandes
números
Os números que envolveram a construção impressionam ainda
hoje, em um esforço de engenharia que envolveu 35 empreiteiras, milhares de
trabalhadores e movimentação de toneladas dos mais diversos
materiais.
- 2.657.746
m² de pavimentação;
- 1,3 milhão
de sacos de cimento;
- 8 mil
toneladas de asfalto;
- 20 mil
toneladas de alcatrão;
- 15.000.000
m³ de movimento de terra;
- 300.000 m³
de cortes;
- 7.021 m de
extensão em 115 pontes, viadutos e passagens;
- 19.086 m
com 315 bueiros;
- 30 milhões
de m² de faixa de domínio.
Março de 1996
No dia 1º de março de 1996, a CCR NovaDutra assumiu a
administração da via Dutra.