Nada como o aconchego do lar. Mas nossa casa pode se tornar um local de risco, se os devidos cuidados não forem tomados. Os acidentes domésticos são a maior causa de queimaduras atendidas na Santa Casa de São José dos Campos — 85% dos registros. Em cinco meses (de janeiro a maio), foram 1.729 atendimentos prestados pela instituição filantrópica, em razão de queimaduras. O número equivale à 14 registros por dia.

Dependendo da complexidade do problema, um mesmo paciente precisa ser atendido por diversas vezes, mas, a cada mês, cerca de 100 novos casos chegam à Santa Casa. A unidade é especializada no atendimento de queimados.

O mês de junho é marcado pela conscientização e combate ao problema (o Dia Nacional de Luta Contra as Queimaduras é celebrado no dia 6).  No Brasil, cerca de 100.000 pessoas são levadas aos hospitais ou procuram atendimento médico em decorrência de queimaduras. Por volta de 2.500 mortes são registradas anualmente, o equivalente à 7 óbitos diários.

“Cerca de 80% dos pacientes atendidos em UTQ’s (Unidades de Tratamento de Queimaduras) têm menos de 10% da superfície corporal queimada. Pacientes com 50% da superfície corporal queimada tem mortalidade próxima a 50%”, fala o médico coordenador da UTQ da Santa Casa de São José dos Campos, Márcio Fontoura.

Principais causas

O simples ato de aquecer o leite ou preparar um churrasco para confraternizar pode levar à um grave acidente. Dos casos que chegam à Santa Casa, a maior parte refere-se à escaldos ou escaldaduras — contato com líquidos aquecidos, como água, café, óleo, chás e sopas (48%) e fogo ou chama direta — predominantemente líquidos inflamáveis, principalmente álcool e gasolina e, depois, gás de cozinha (28%). Na sequência, aparecem entre as principais causas o contato com metais aquecidos, como panela, ferro de passar roupa e "chapinha" (14%); acidentes envolvendo eletricidade (2%) e produtos químicos, como soda cáustica, cal virgem, ácidos e solventes orgânicos (2%). Também há casos referentes às chamadas abrasões ou dermabrasões (ralados), comuns em quedas de bicicleta e moto (6%).

O Dr. Márcio Fontoura explica que as mãos são as áreas mais afetadas, seguida pelos antebraços e braços, membros inferiores, tronco, face e, por último, os genitais.

O especialista aponta o perfil mais comum dos registros de queimaduras. “Cerca de metade das queimaduras domiciliares ocorre em crianças de até 14 anos. Outra observação é que o sexo masculino predomina, com cerca de 60% dos casos, podendo chegar a 90% nas queimaduras elétricas”, fala.

Como evitar

Pequenas medidas podem evitar grandes problemas. Veja algumas dicas para garantir a segurança, em variadas ocasiões:

- Ao acender um fósforo, mantenha o palito longe do rosto. Dessa forma, ao escapar alguma chama, você não será atingido.

- Antes de acender uma vela, observe se ela está longe de produtos inflamáveis, como botijões de gás, solventes e tecidos.

- Nunca manipule álcool, gasolina, querosene ou outros líquidos inflamáveis perto do fogo. Importante também guardar esses produtos longe do alcance das crianças.

- Neste mês, de festas juninas, os cuidados com fogueiras devem ser o foco das celebrações. Dê preferência a fogueiras pequenas. Além disso, as acenda longe de matas, depósitos de papel, produtos inflamáveis e sem que haja ventanias.

- Com a proximidade do período de férias escolares, a atenção com as crianças deve ser redobrada. Nessa época, aumenta a incidência de acidentes domésticos envolvendo os pequenos. Mantenha-os longe da cozinha durante o preparo de alimentos e sempre direcione o cabo das panelas para a área interna do fogão.

Sobre a UTQ da Santa Casa de São José dos Campos

A UTQ (Unidade de Tratamento de Queimaduras) da Santa Casa de São José dos Campos foi inaugurada em 2005. Com área física de 720m², possui 8 leitos de internação, sendo 4 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A instituição realiza cerca de 20 cirurgias por mês.

A equipe da UTQ é composta por 8 médicas/médicos cirurgiões plásticos, 1 médica nutróloga, 5 enfermeiras, 14 técnicas/técnicos de enfermagem, 8 auxiliares de enfermagem, 1 fisioterapeuta, 1 psicóloga e 1 assistente social. A Unidade conta ainda com o apoio de vários outros especialistas, como profissionais das áreas de fonoaudiologia, pediatria e medicina intensiva.