Texto e fotos: Márcia Pavarini

Surpreendente, desarrumada, barulhenta, colorida, a Ãndia é um lugar de contrastes. A miséria e o esplendor ocupam os extremos, mas são essas diferenças que colocam o paÃs na lista dos mais visitados do mundo. A vibrante beleza dos templos, as estonteantes paisagens, o charme dos sáris, as vacas misturadas ao caótico trânsito, a devoção hindu e a bondade do povo fazem do destino o sÃmbolo máximo do exotismo mundial.


Três dos lugares que mais representam a cultura Ãmpar indiana são: Amritsar, Agra e Khajuraho.
Situada a cerca de 450 km ao norte da capital Nova Délhi, Amritsar é o centro espiritual dos sikhs, religião que une elementos do hinduÃsmo e do islã. O coração da cidade é o Templo Dourado, onde repousa o corpo de Sri Guru Granth Sahib Ji, o eterno guru do siquismo.



Para a maioria dos ocidentais, o que mais chama a atenção por lá é a harmonia das formas da construção, com cúpulas de ouro que refletem em um lago.


Já Agra, situada a 640 km ao sul de Amritsar, é a casa do cartão-postal mais visitado e fotografado da Ãndia: o famoso Taj Mahal. Nenhum monumento reverenciou o amor de forma tão artisticamente sublime quanto esse mausoléu construÃdo em mármore branco entre 1630 e 1652 pelo imperador Shah Jahan, para homenagear a memória de sua segunda esposa, morta durante o parto. Arquitetadas e decoradas por gênios da época, as paredes do Taj Mahal são recobertas por finas incrustações em pedras semipreciosas, que formam desenhos perfeitos de flores e vegetais.

A cerca de 400 km de Agra está o conjunto de templos Khajuraho, construÃdo entre os séculos 10 e 11 pelo rei Chandela e tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Situado no estado de Madhya Pradesh, é o único templo do mundo cujas paredes são entalhadas com as posições do Kama Sutra.

A história conta que, 4 mil anos antes da existência de Chandela, um sábio hindu chamado Mallinaga Vatsyayana queria imortalizar suas técnicas e práticas corporais que levavam casais a aproveitar ao máximo o clÃmax sexual. Vatsyayana era adepto da filosofia tântrica, em que o sexo, mais que um prazer, é um ritual sagrado. O estudioso então passou a escrever sobre o comportamento sexual humano e a desenhar posições em que os amantes deveriam se colocar, para que os corpos entrassem em sintonia e desfrutassem ao máximo os prazeres. Assim, surgiu o cultuado livro do Kama Sutra.



Muitos anos depois, o rei Chandela mandou construir Khajuraho com esculturas daquelas posições. Os templos estão divididos em três grupos, destinados aos deuses Shiva, Vaishnava e Jaina. Além das posições eróticas expostas com grande sensibilidade, as esculturas refletem uma sociedade livre de inibições. Algo bem exótico para muitos, mas para outros, pura expressão do amor genuÃno pela vida.