Matéria publicada em virtude da escolha da maioria dos
internautas que participaram da promoção
7 anos de Diário das 1001 Viagens!
Texto e fotos por Márcia Pavarini



Qual a capital da Letônia? Que mar banha o paÃs?
Num programa ao estilo “Jogo do Milhão†– aquele que testa os conhecimentos gerais dos participantes – estas perguntas poderiam derrubar o concorrente. Provavelmente poucos levariam o prêmio. Acertar que a capital da Letônia é Riga, não é nada fácil.
A Letônia é um dos três paÃses que compõem as Repúblicas Bálticas que são: a Lituânia, Letônia e Estônia. Aprisionados à s margens do Mar Báltico (mar que banha as 3 Repúblicas) entre a Finlândia, Rússia e a Polônia, os três paÃses mantêm viva a sua história e parecem congelados no tempo.

Juntas, as três Nações são menores do que o Estado do Paraná, mas de acordo com o velho ditado que diz: “tamanho não é documento†o visitante pode descobrir que em cada um deles respira-se história, arte e cultura, e que é o tipo do lugar onde se tem de uma só vez, uma aula de História antiga (desde as primitivas tribos bálticas), Medieval, Moderna e Contemporânea.



Em meio a catedrais, palacetes, torres e fortes medievais, o charme, o requinte e a badalação nas três Repúblicas são ingredientes que ligam presente e passado numa deliciosa mescla do tradicional e inovador.


Separadas por apenas 300 km, as capitais Vilnius (da Lituânia), Riga (da Letônia) e Tallin (Estônia) contam o seu glorioso passado, através da arquitetura, das fortalezas, palácios, igrejas, edificações históricas, valiosas relÃquias de arquitetura sacra e rural, coleções incrÃveis em museus e galerias.


Com cerca de 1 milhão de habitantes, Riga é, de longe, a cidade mais cosmopolita e vibrante da região báltica. A cidade antiga, o principal foco da vida noturna e gastronômica, cresceu a partir de um bairro às margens do Rio Daugava e, segundo a Unesco, é uma das mais belas da porção leste da Europa.
O ponto alto da cidade é a Praça da Prefeitura, onde ficam os mais significativos exemplos arquitetônicos de várias épocas e estilos, como a catedral luterana Sv. Pētera (São Pedro), com domo em forma de cebola.

O edifÃcio mais famoso da praça, no entanto, é a Blackhead’s House, um impressionante tesouro gótico considerado o cartão postal da capital.
Dono de uma monumental e rebuscada fachada de tijolos vermelhos, o prédio foi construÃdo como edifÃcio público em 1334 e inúmeras vezes restaurado. Hoje, o Blackhead’s funciona como museu e espaço para concertos.



A melhor maneira para explorar esses e outros tesouros é a pé. No entanto, se o cansaço bater, dá para pegar um trenzinho, parecido com aquele da Disney, que sai (e retorna) da frente da Catedral Domus Lukums. O veÃculo circula pelas principais ruas e pontos turÃsticos da cidade antiga, como a rua do castelo e seu grupo de casas de pedra, conhecido como As Três Irmãs.


O coração da cidade pulsa na praça principal do centro histórico, a Lukumus. Ali, as luminosas tardes de verão pincelam de dourado as edificações históricas que, à luz do sol, parecem reviver o passado, caso da bela Catedral Domus Laukums.



A envolvente atmosfera medieval se conecta ao presente nas mesinhas dos bares esparramadas pela praça, o lugar ideal para saborear o celebrado “Black Balsam†(Bálsamo Preto). A bebida é considerada pelos letões o drinque nacional, que o chamam de “elixir da vida†e popularmente usam-no como um tônico revigorante.


Das propriedades terapêuticas do tal bálsamo, que tem gosto de Campari e cor de shoyu, não é possÃvel ter certeza. Mas a bebida pode dar a coragem que faltava para o visitante pegar numa arma e dar uns tiros. Tudo de verdade, mas dentro de uma inusitada brincadeira.
METRALHANDO JAMES BOND


É que em Riga fica o que talvez seja o único bunker do mundo onde o turista pode brincar de herói ou de bandido com uma arma de verdade. E que arma! Ali, pode-se realizar o “sonho†de atirar com uma metralhadora russa AK-47 Kalashnikov ou com pistolas de 9 milÃmetros.


O antigo bunker, da época da ocupação russa, foi desativado em 1986 e, com uma adaptação estratégica e decoração sugestiva, virou uma atração turÃstica, onde basta pagar para dar tiros ou uma saraivada deles, num clima de ataque como os que rolam no filme do Rambo.


Vista de fora, a entrada do bunker até parece a de um inofensivo trailer de cachorro-quente, mas conforme as escadarias de concreto avançam solo abaixo, o ambiente vai tomando ares de filme do agente 007. São várias salas subterrâneas, revestidas com um material especial para abafar o som. Na espessa parede de concreto, a uns 25 metros do atirador, ficam os alvos justamente com a silhueta do famoso personagem James Bond.


Depois de fechadas as portas e colocado o tapa-ouvidos, é só disparar as rajadas e se imaginar num filme de espionagem. Aqueles que veem conspiração em tudo não vão acreditar que a imagem do agente secreto da rainha, pronto para ser literalmente metralhado, esteja ali por acaso...


Quem escolhe a arma, entre inúmeras opções, é o freguês. A entrada é franca, somente pagando-se pelas balas que se pretende usar. O preço fica entre US$ 2 e US$ 5, conforme o calibre.

Com essa mistura de arquitetura, costumes e culinária medievais, além dos resquÃcios dos tempos da mão de ferro soviética e do clima de confiança no que vem pela frente, Lituânia, Letônia e Estônia têm tudo para deixar de simplesmente atrair vizinhos europeus e viajantes que “farejam†destinos inusitados. Com a proximidade e a facilidade de circular entre um paÃs e outro, as três encantadoras cidades bálticas podem ser uma surpreendente extensão à fascinante descoberta do leste europeu.