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Episódios inéditos - A calculadora que não calculava e O Buda que ninguém mais verá
Postado em 15/07/2005
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Ao longo de vários anos, Marcia Pavarini
percorreu 167 países e territórios, em todos os continentes, passando por
lugares inusitados, situações dramáticas e por vezes hilariantes. Hospedou-se
nos mais simples e rudimentares Templos Tibetanos ao pé do Himalaia; visitou
remotas tribos perdidas no tempo; presenciou rituais em Ilhas quase
desconhecidas; deslizou sobre trenós, no Ártico, na pista dos ursos polares.
Participou de uma expedição à Antártica onde visitou as centenárias cabanas dos
primeiros exploradores da região, mergulhou na África do Sul para apreciar os
tubarões brancos de dentro de uma jaula; participou de vários safáris
fotográficos pela África e muito mais, registrando cada viagem em diários. No
entanto, sua experiência mais marcante foi durante o período em que morou no
Iraque, convivendo com as atrocidades da guerra com o Irã, com a angústia do
auto flagelo da população e o drama da auto mutilação dos jovens iraquianos para
evitar o alistamento no exército militar. Marcia Pavarini divide
aqui, suas experiências com os internautas do Portal na coluna “Diário das
mil e uma viagens”.
Episódios inéditos
extraídos dos diários de viagem de Marcia
Pavarini Por Márcia
Pavarini
A CALCULADORA QUE NÃO
CALCULAVA
 Bali
 Legian
Street
A Legian Street, no bairro
de Kuta, é um dos pontos de comércio mais aquecidos de Bali. Em quase
todas as lojas há um balcão de câmbio de moedas estrangeiras. Atraídos por
valores bem acima dos oferecidos pelos bancos oficiais, os turistas costumam
cair em pegadinhas típicas. Uma delas é o cambista fazer a troca devolvendo 15%
a menos, o que dá no mesmo câmbio dos bancos. Se descoberto, ele justifica
dizendo que é comissão. Se você não aceitar, ele desfaz o negócio. Outra é
entregar uma montanha de notas de pequeno valor, apostando que você não terá
paciência de contá-las até o fim e descobrir que (mais uma vez) faltam os 15%.
Se reclamar, ele pega de volta, alegando que não tem cédulas de maior valor.
Apesar de conhecer bem os dois golpes, caí num terceiro, absolutamente
inesperado. Quando o cambista perguntou quanto eu queria trocar ofereceu sua
calculadora e eu mesma fiz as contas. Só quando cheguei ao hotel percebi que
faltavam 100.000 rúpias! Quem, afinal, imaginaria uma calculadora
adulterada?
O BUDA QUE NINGUÉM MAIS
VERÁ Afeganistão 1979
 Buda
de Bamiyan
Foi preciso falar muito em Pelé e
café a fim de conseguirmos permissão dos militares para visitar o Vale
de Bamiyan (foto abaixo), no Afeganistão. O Vale de Bamiyan está
situado nas rotas das caravanas entre a Índia e a Ásia Central e foi berço de
diversas culturas, onde floresceu o Budismo antes da difusão do islamismo, o que
justifica a presença da fenomenal estátua de Buda. O gigantesco Buda, de 60
metros de altura, esculpido em um nicho de 8 metros de profundidade, fora
entalhado diretamente na rocha, nos séculos IV e V a.C. Seu rosto e mãos eram,
originalmente, recobertos de ouro. Finalmente, o general autorizou a visita, mas com a
condição de que voltássemos no mesmo dia, pois ele não poderia garantir nossa
segurança. Acordamos às 6h30 e corremos para o aeroporto. Éramos os únicos
turistas. Não só do avião como, talvez, do próprio país, já que a situação do
Afeganistão era bem complicada. Ao desembarcarmos, fomos recebidos por vários
militares que, cordialmente, vieram dar as boas vindas e, ao mesmo tempo, saber
“que diabos estávamos fazendo lá”. Um deles mandou que esperássemos sem dizer o
porquê. É que não poderíamos sair para visitar o tal Buda sem um esquema de
segurança, embora a estátua ficasse a apenas 20 minutos a pé da base. O
comandante forneceu, então, um jipe com motorista e dois soldados armados com
metralhadoras. E lá fomos nós para o city tour mais esquisito do mundo. Enquanto
caminhávamos aos pés do Buda, notamos muitos cartuchos de balas pelo chão.
Perguntei ao oficial se havia acontecido algum combate ali. Embaraçado, ele
explicou que o local era usado como campo de treinamento de tiro. Fiquei me
perguntando se o alvo não seria a cabeça dos rebeldes. Da estátua do Buda de
Bamiyan, relíquia admirada por Alexandre Magno e comentada por Marco Pólo,
sobraram apenas os escombros. Há alguns anos, fanáticos rebeldes do Taleban
explodiram a estátua, após tomarem o poder na região, por encará-la como heresia
ao islã. Acho que fomos um dos poucos turistas ocidentais que tiveram o
privilégio de vê-la.
Veja no próximo episódio: CUIDADO! UM GREGO NO
VOLANTE, CORRE QUE LÁ VEM O TOURO e UM DESCUIDO PODE DAR
MER...
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Márcia Pavarini
Ao longo de vários anos Márcia Pavarini percorreu o mundo viajando por todos os continentes e até aos Pólos. Foi anotando suas aventuras em diários que, hoje, perfazem aproximadamente 5.000 páginas. Ela esteve, até agora, em 240 países, de acordo com o critério de contagem da Travelers Century Club TCC. Na Coluna “Diário das 1001 Viagens” Márcia Pavarini divide com os internautas, do Portal, as experiências vivenciadas durante suas andanças.

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