Texto e fotos: Márcia Pavarini
Pense numa igreja. Imagine a mais espetacular que você já viu pessoalmente, em foto ou em filme. A tendência é pensar numa edificação a partir do nível do solo, certo?
Mas existe um lugar, o único no mundo, onde 11 igrejas foram escavadas em rocha no século XIII, a partir do solo para baixo, ou seja, as edificações ficam abaixo do nível da terra. A área era demarcada e fossos profundos de até 13 metros foram cortados ao redor livrando um gigantesco monólito, onde era esculpida a igreja.
A penumbra das passagens e túneis que ligam uma igreja à outra, os afrescos, o som das canções e o cheiro de incenso nos transportam às dependências do paraíso.
É em LALIBELA, cidade ao norte da Etiópia, onde ficam estes tesouros da arquitetura medieval africana. Ela é a segunda cidade mais sagrada da Etiópia,(a primeira é Aksun) e é um centro de peregrinação considerada a “Jerusalém da África”. A população de Lalibela é, em sua maioria, composta de ortodoxos cristãos.
Cada igreja tem a presença mística de um religioso de turbante e vestimentas longas, empunhando um bastão com uma rebuscada cruz de bronze no alto. A mais impressionante é a Bet Gyiorgis, Igreja de São Jorge, com cerca de 800 anos de idade. Construída em forma de cruz, é cercada por um fosso seco que a separa das outras igrejas. No interior de cada igreja há réplicas de baús que representam a Arca perdida. O santuário cristão de Lalibela é considerado a “Nova Jerusalém” pelos peregrinos.
Quando se fala em Etiópia logo se pensa em fome, pobreza e flagelo humano. Na verdade, essa é a face trágica do país, mas o outro lado da medalha é que a Etiópia é um país de cultura e monumentos de um valor inestimável. Além do santuário cristão de Lalibela, tombado pela UNESCO como patrimônio da Humanidade, a Etiópia tem uma das histórias mais antigas do mundo. Segundo descobertas recentes, a espécie Homo Sapiens (nossa espécie) seria originária dessa região.
A Etiópia localiza-se no leste do continente africano, na região conhecida como chifre da África.
Sofreu influência colonial dos europeus, principalmente de Portugal, no século XVI, durante a época em que recebeu apoio militar para evitar a invasão muçulmana.
26 de setembro
Hoje, é a véspera do segundo dia mais sagrado da Etiópia, quando se comemora o chamado “FINDING CROSS” (a Cruz encontrada), festival trazido pelos gregos cristãos ortodoxos no século VI.
Esse festival, celebrado anualmente no país já há 1.600 anos, comemora o descobrimento das escrituras que relatam como os fragmentos da cruz em que Jesus foi crucificado chegaram até a Etiópia.
A comemoração leva milhares de fiéis cristãos à praça MESKEL para assistir à colorida procissão com desfiles onde os participantes usam vestes medievais das cruzadas enquanto, bispos ortodoxos, envergam batas bordadas e brocados . Centenas de sombrinhas multicores completam a indumentária.
A unidade cultural do país, no entanto, sobrevive a um autêntico mosaico de línguas, raças e religiões, que contribuiu para agravar os choques armados entre seus habitantes nos últimos anos do século XX.
No caótico centro da Capital Adis Abeba, o trânsito divide espaço com burrinhos carregados de cargas, que desviam dos pedintes enfermos e mutilados e famílias mendigas que vivem nas calçadas.
Lalibela fica ao norte da Etiópia e é um centro de peregrinação considerada a “Jerusalém da África”. A população de Lalibela é, em sua maioria, composta de ortodoxos cristãos.
Quem for à Etiópia não pode perder a cerimônia do café com pipoca, que é uma tradição local, já que a bebida foi descoberta por lá.
Outros pontos imperdíveis são: O Festival do Finding Cross e a perigrinação religiosa às igrejas de Lalibela.
A visita ao museu é imprescindível, pois lá está a múmia da hominídeo de de 3,5 milhões de anos.