Fotos: Marcia Pavarini
Aghios
Ioannis Kastri (A igreja do Mamma Mia)
Imagine um casamento - no estilo mediterrâneo - em uma igrejinha
branca, no topo de um rochedo cercado por um mar safira. Agora, pense em uma
praia de águas calmas e cristalinas numa ilha dos sonhos. E se tudo isso for
numa ilha grega com uma paisagem incrível e astral vibrante? Esse lugar não está
apenas em sua imaginação, ele é o espetacular cenário do musical “Mamma Mia”,
rodado em uma das mais belas, completas e inexploradas ilhas da Grécia –
Skopelos - conhecida como a “ilha verde e azul”.
Mais de cem milhões de pessoas, ao redor do mundo, assistiram ao
filme e se apaixonaram pela ilha. Assim como muitos, pesquisei e descobri que a
tal ilha grega chamada “Kalokairi” no filme é, na verdade, a deslumbrante ilha
de Skopelos.
Localizada ao norte do mar Egeu e a leste da cidade de
Volos, Skopelos é a capital do grupo de quatro ilhas - Skiathos, Alonissos,
Skopelos e Skyros - conhecidas como Sporades. A ilha fica na latitude de
Mallorca e Ibiza na Espanha.
Quando a diretora do “Mamma Mia”, a britânica Phyllida Lloyd,
escolheu as sedutoras praias de Kastani, Amarantos, Milia e Glysteri para
rodar as principais cenas do filme, e a igrejinha Ioannis, no topo de um
impressionante rochedo - com 100 metros de altura - para o casamento da
protagonista, não imaginava a repercussão para a fama da ilha.
O filme “Mamma Mia” foi a melhor divulgação para o turismo da
Grécia, desde o “Summer Lovers” da década de 80. O tema do filme baseia-se em
uma das canções do extinto conjunto “ABBA”, em que a filha de “Donna”
(Maryl Streep) tenta descobrir sua verdadeira paternidade, convidando para o seu
casamento – que acontece na ilha - três homens (um de cada país) que tiveram
ligação com a mãe no passado.
A intenção da jovem era que o verdadeiro pai a levasse ao altar da
pequena igreja.
Em razão da cena do matrimônio, a igreja Aghios
Ioannis tornou-se um local cobiçado por casais de vários países para
formalizarem o “sim” e sentirem o sabor do “casamento grego”. É possível casar
ali, ou em qualquer outra igreja bizantina de Skopelos, com a assistência de uma
agência local especializada, que providencia até a festa e a decoração, a
agência “Madro Travel” www.madrotravel.com.
O acesso à igrejinha Aghios Ioannis Kastri (São João
Batista) se faz por uma extensa escadaria de pedra – com 200 degraus - que sobe
em ziguezague até o topo do rochedo, de onde se tem uma soberba vista da costa
da ilha e do continente. Do cume, se vê até as pedras no fundo do mar, tal
a transparência das águas.
Dentro da minúscula capela, pinturas e ícones ortodoxos recobrem
as paredes. Na janelinha, ao lado do altar, fica o livro dos pedidos, onde o
visitante pode deixar registrado o seu desejo. O meu...foi de poder voltar
para Skopelos.
A cidade de Skopelos é o centro municipal da ilha e o
principal porto, aonde chegam e de onde saem, diariamente, os ferries, tanto
para o continente como para as outras ilhas Sporades.
Com cerca de 35 quilômetros de comprimento, Skopelos tem 96 k2 de
belezas naturais, praias de tirar o fôlego, uma agitada vida noturna, e o
melhor, não tem aeroporto.
O único acesso à ilha é por mar, com o ferry
boat, (para automóveis e pedestres) cuja travessia leva umas 4,5hs, ou por
velozes “Speed Cat” e Flying Dolphins em 2,5hs (só para pedestres), via Agios
Constantinos ou Volos (ambas cidades costeiras no continente).
Coberta por uma luxuriante vegetação - 50% da área da ilha - e
banhada pelas águas consideradas as mais claras e azuis do mundo, a ilha de
Skopelos é conhecida como “A Pequena Jóia do Egeu”. O verde dos pinheiros
e a densa floresta mesclam-se com o profundo azul do mar e do céu, criando uma
paisagem de beleza sem precedentes. Em razão disso, a Organização Internacional
de Biopolíticas, em 5 de julho de 1997, declarou, oficialmente, Skopelos como a
“Ilha Verde e Azul”. Ainda, pelo Decreto Presidencial nº 594 de 19 de
outubro de 1978, a cidade de Skopelos foi honrada com o título de “Tradicional
Assentamento de destacada beleza e Herança Arquitetônica”.
Skopelos, em grego, significa: “rocha que se ergue do mar”. De
fato, a topografia da ilha é marcada por montanhas, picos – o mais alto é
o Dhelfi com 680m - penhascos rochosos que despencam até o mar, e uma costa de
60 km, recheada de cavernas, prainhas quase privadas - onde o “top less” corre
livre e solto - ou enormes praias a perder de vista, conforme o gosto do
freguês. São tantas praias que dá para agradar “gregos e troianos”. Tem até
praia de nudismo, a Velanio - tá certo que a prática ainda não é oficial, mas lá
se toma sol por inteiro... sem nenhuma marquinha do constrangimento!
Depois de um descontraído dia de praia, a dica é curtir o
fim de tarde no “Fanny’s Café Bar Thalassa”. O badalado Bar fica lá no alto da
cidade de Skopelos, mas a subida vale a pena. Ali, você terá a chance de agradar
todos os seus sentidos de uma só vez e, ainda, desfrutar um inesquecível
momento, admirando o panorama e saboreando o refrescante frapê de café
(especialidade da ilha), e outros quitutes, ao som de músicas relaxantes. A
proprietária Fanny, e sua filha Afrodite, costumam receber os clientes com a
costumeira hospitalidade grega (principalmente os brasileiros) e um sorrido do
tamanho da baía.
Frapê Fanny's Café Bar Thalassa
Por que visitar Skopelos, uma ilha que só pode ser alcançada por
mar, e ficar à mercê das intempéries e dos horários das companhias de
navegação, que servem as Sporades?
Nem é preciso pensar muito para
encontrar várias razões que justifiquem a viagem até lá. A primeira delas é
porque, talvez, em razão da própria dificuldade de acesso, a ilha não foi
fulminada pela mira do turismo em massa. Outro motivo plausível: a primeira
recompensa será logo ao chegar ao Porto. Assim que você circunda o cais, vindo
do mar aberto, dá de cara com a arrebatadora vista da cidade de Skopelos,
que também leva o nome da ilha.
É só apurar os sentidos para descobrir tudo o que a ilha tem a
oferecer. O olfato é brindado com aroma das flores; o paladar vai desvendar o
delicado sabor da cozinha mediterrânea – as refeições são servidas em tavernas
ou barzinhos, na praia ou nas extensas calçadas da orla. A audição vai se
emocionar com o som ímpar da música grega e, finalmente, a visão vai se encantar
com as paisagens e o contraste do verde (das matas) e do azul (do mar).
Falta tato? Use-o para sentir o calor humano de um povo que sabe
dar as boas vindas ao visitante.
A cidade abraça a baía em
harmoniosa forma de anfiteatro. Construída na inclinação da ladeira, na encosta
da montanha, o centro da cidade velha de Skopelos não tem acesso para
veículos, mas esse detalhe é uma benção para preservação da cidadela. Nada mais
gratificante do que se perder a pé pelas ruazinhas de pedra arredondada entre os
sobrados floridos, igrejinhas bizantinas e barzinhos do estilo “zen”. Os
habitantes da ilha utilizam scooters para percorrer os zigue-zagues dos
labirintos.
Skopelos, bem como as demais ilhas Sporades, são conhecidas pela
típica arquitetura de influência macedônica. As estreitas vielas percorrem morro
acima entre casinhas caiadas cobertas com lascas de ardósia cinza (ou telha, nas
mais recentes). Os balcões, tradicionalmente, feitos em madeira, são adornados
por cascatas de buganvile, criando um cenário pitoresco e cintilante.
As paredes possuem quase um metro de espessura para manter o
ambiente fresco no verão e tépido no inverno. Muitas dessas moradias foram
construídas por capitães do mar no século 18º.
As construções recentes
mesclam-se com as mais antigas, refletindo a prosperidade da ilha no século
19º.
Finalmente, na parte baixa da cidade, em pleno alvoroço do Porto,
Skopelos é quase uma cidade cosmopolita com glamorosos cafés, tavernas e bares,
sombreados por frondosas amoreiras, tudo a beira-mar, na “Skopelos
Promenade”.
A população da ilha chega a 6.000 habitantes. Só na capital,
Skopelos, são 4.000. Nas tradicionais vilas de Glossa e Loutraki vivem 1.500
pessoas. O restante está distribuído entre outros pequenos assentamentos da
ilha.
Vale a pena conhecer a ilha? A resposta ideal é simples: vá
até Skopelos e descubra você mesmo algo que está desaparecendo rapidamente em
outras partes do país – a verdadeira experiência de Hélade (terra dos
helenos)- a qual os romanos chamavam de Grécia.
Skopelos é uma verdejante ilha, de natureza inexplorada, águas
azuis e transparentes, cenários estonteantes, vilas panorâmicas, igrejas
bizantinas, praias e trilhas isoladas, enfim, um lugar pelo qual é difícil não
se apaixonar.
Depois de passar alguns dias desfrutando das belezas
naturais, das praias, da culinária e do modo sábio de viver do povo grego, vai
descobrir que o difícil não é chegar à ilha de Skopelos, mas ter de sair
dela.
Quem for para Skopelos não pode deixar de
experimentar:
- a famosa “tiropita” conhecida como “cheese pie
of Skopelos”, a torta de queijo da ilha (uma espécie de “churro” aspiral de
massa folheada recheada com “Feta” - queijo grego) A mais tradicional é servida
na vila de Glossa.
- O frapê gelado de café (especialidade da
ilha)
- O irresistível doce baklavá (esqueça o regime por 5 minutos e
prove essa delícia). A doceira Ambrosia, que fica na Skopelos Promenade, oferece
uma vitrina de doces de dar água na boca.
- A salada grega (pepino,
tomate, azeitona, queijo Feta, etc... que vem transbordando de azeite)