Fotos e texto por Marcia
Pavarini


Visitar o Irã é como flutuar num tapete mágico sobre as mesquitas
azuis com domos de ouro, sobre os mercados coloridos e barulhentos, sobre as
colinas de Tâmaras, ou os desertos dourados. É como entrar nas páginas das
histórias de aventuras das “1001 Noites” contadas pela jovem Shehrazad para o
“Barba Azul”, é viver intensamente a tradição persa, as cores vibrantes e os
sabores inigualáveis.

Desvendar as tradições e a arquitetura artesanal da antiga Pérsia,
uma das mais antigas civilizações é, certamente, uma experiência enriquecedora,
mas um deslize do visitante com relação às rigorosas normas de comportamento da
cultura islâmica pode tornar o “clima” tão quente quanto o escaldante verão do
seu deserto. Para viajar pelo Irã, foi preciso vestir-me adequadamente: cabeça e
corpo cobertos. Foi assim que perambulei pelas cidades mais belas daquele
país,(Hisfahan, Shiraz, Kerman,Yazd e Machad) visitando os inigualáveis mosques
decorados com mosaicos azuis, filigranas e cúpulas de ouro. Os desenhos nos
mosaicos inspiram as figuras dos tapetes persas de cada região.


O Irã exerce um irresistível magnetismo naqueles que buscam
umaviagem rumo ao mistério da antiga civilização persa, que teve boa parte do
seu apogeu na região. O pais carrega 7 mil anos de historia e, de acordo com a
Unesco, figura entre as dez nações mais importantes do mundo, no que se refere à
herança cultural.

A moderna capital, Teerã, é a porta de entrada para o país dos
mágicos tapetes persas, da bela arquitetura islâmica e dos mercados de
especiarias. A mais charmosa das cidades iranianas, porém, atende elo nome de
Isfahan. Situada em um vale da cadeia montanhosa de Zagros, 350 km ao sul de
Teerã, abriga majestosas mesquitas, como a Eman, construída em 1602. O seu
interior, formado por uma abóbodagrande e alta, cercada de nichos, foi projetado
para que produzisse eco durante as preces.Assim, o som das orações é
multiplicado sete vezes.

A harmoniosa Ponte Khaju, que cruza o Rio Zayandeh, é outro
símbolo de Isfahan. Erguida no século 17, tem 23 arcos de dois andares, feitos
em pedra e tijolo, distribuídos ao longo de 132 m de comprimento, o que
proporciona um cenário de rara beleza.


A 280km DE Isfahan está Yazd, outra cidade que merece uma visita.
A antiga vila é maquiada em tom pastel em razão das construções feitas em
tijolos de sol. O grandioso portal de entrada, flanqueado por dois minaretes com
inscrições do Alcorão do século 15, é a edificação mais soberba da cidade. O
horizonte local é dominado pelas “janelas-torres” (badgris), que emergem sobre
as edificações. São chaminés construídas sobre os telhados que captam o ar
quente de fora e o refrescam antes de devolve-lo para dentro das casa, por meio
de um intrincado sistema natural de ventilação.

Já no nordeste do Irã, a 850km de Teerã, fica Mashhad, a cidade
religiosa mais importante do pais. Espécie de Meca iraniana abriga um templo
sagrado com os restos mortais do oitavo líder muçulmano xiita, Iman Reza, cuja
tumba é um monumental sarcófago feito em treliça de platina. Todas as cúpulas do
complexo são de ouro maciço.



No entanto, é nas ruínas de Persépolis, antiga capital do império
persa, que a arte desabrocha em seu maior esplendor. A construção da ciade teve
inicio em 521, sob as ordens do imperador Darius I. As esculturas em alto-relevo
nos muros de pedra constituem um obra-prima em céu aberto da arquitetura persa.
Os resquícios da prestigiosa região permitem ao visitante mergulhar na história
do antigo império graças a inscrições, que ainda se encontram em perfeito estado
de conservação, e ao palácio das cem colunas.



Outro ponto de interesse são as ruínas de Bam, uma histórica
cidadela que fica a 1000 km de Teerã, considerada uma das maravilhas do
patrimônio cultural do Irã, é a maior cidade do mundo construída com casas de
taipa (200 km2) uma mistura de argila, palha e tijolos de argila. Assimilar a
riqueza da arte e da cultura é tornar-se parte delas.