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O publicitário Duda Mendonça, em seu segundo depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, na manhã de hoje, negou-se a responder qualquer questionamento. "Não vou responder a essa pergunta" foi a frase mais usada, sob a alegação de evitar dizer algo que viesse a incriminá-lo. Duda tomou essa atitude amparado em liminar em habeas corpus, concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).


- Na outra vez em que estive aqui, vim de coração aberto e só me ferrei - disse.


No início do depoimento, Duda pediu desculpas pela postura que adotaria, que seria diferente, com adiantou, de sua atitude em 11 de agosto do ano passado, quando compareceu sem ser convocado e, como garantiu, "disse a verdade". Ele afirmou que, após ter sofrido o que chamou de uma campanha difamatória de sua imagem, seus advogados o teriam aconselhado a ficar calado desta vez para não prejudicar sua defesa, o que decidiu fazer.


Nem mesmo a acusação de "obstrução a investigação", feita pelo relator-adjunto deputado Maurício Rands (PT-PE) e os apelos emocionais da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) para a importância da honestidade, fez Duda mudar de postura.


- Fui ridicularizado. Vou seguir meu script, não vou me emocionar e não vou responder - limitou-se a dizer.


Duda chegou a conversar com seus advogados para receber "autorização" e responder a questionamentos como o nome de seus filhos e de sua mulher, mas a postura de não colaborar foi mantida. Ele afirmou que "a intenção é colaborar, mas no momento certo". Pediu antecipadamente cinco minutos para uma reunião com os advogados antes da parte reservada da reunião, para discussão dos dados repassados pela Justiça americana.


O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) lamentou a insistência do depoente em manter-se calado:


- Prefiro o Duda Mendonça da verdade e não o do silêncio - afirmou Osmar.


O relator, em sua seqüência de perguntas que insistiu em formular, mesmo sem terem sido respondidas, afirmou que as empresas do depoente tiveram uma evolução patrimonial muito acentuada, chegando a R$ 358 milhões em 2004. Citou ainda outras contradições em relação ao depoimento anterior de Duda, como a afirmação de que a contabilidade das empresas era feita de forma separada - a CPI encontrou um repasse de R$ 2,6 milhões da empresa CEP para a Duda Associados, ambas do conglomerado do publicitário. Serraglio citou ainda um pagamento feito a Luiz Favre, marido da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, no valor de R$ 74 mil, em outubro de 2004 - mês das eleições -, além de transferências que somam R$ 235 mil para a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Todos os questionamentos ficaram sem resposta.


Portas fechadas


A segunda parte da reunião, que acontece na parte da tarde, está sendo fechada, com a presença apenas de Duda Mendonça e dos parlamentares que receberam as informações sigilosas da Justiça americana.